Durante a Segunda Guerra Mundial, o nipo-americano foi enviado para o campo de concentração nos Estados Unidos, tendo um fim que o fez ser apelidado de "Fantasma de Manzanar"
Em outubro de 2019, um misterioso esqueleto foi encontrado na Califórnia, Estados Unidos. Segundo as autoridades, o corpo pertencia a um artista nipo-americano chamado Giichi Matsumura. Todavia, quem se deparava com a história nem imaginava a grande narrativa por trás dos restos humanos. Durante a Segunda Guerra Mundial, o rapaz foi enviado a um campo de concentração, onde veio a falecer.
De origem japonesa, Giichi Matsumura era um dos inúmeros prisioneiros do campo de concentração de Manzanar — um dos 10 criados pelos Estados Unidos. Localizado no Vale Owens, na Califórnia, Manzanar chegou abrigar mais de 120.000 nipo-americanos, entre março de 1942 a novembro de 1945.
Após o ataque japonês à base americana de Pearl Harbor em 1941, por ordem do presidente democrata Franklin Roosevelt, foram construídos campos de concentração para prender e confinar aqueles que fossem considerados inimigos estrangeiros pelo governo americano.
Na prática, os acusados de práticas de espionagem e colaboração com o inimigo eram os imigrantes japoneses e cidadãos nipo-americanos. Teorias e boatos contra essa população fizeram com que aproximadamente 120 mil pessoas fossem presas.
Como o número de imigrantes na costa Oeste dos Estados Unidos aumentava, a xenofobia contra japoneses também se intensificava. Aliando a histeria da guerra e o conspiracionismo que rondava o imaginário norte-americano da época ao crescente preconceito, temos a criação dos campos de internamento.
De acordo com os registros históricos, era comum que os presos deixassem os locais para realizar outras tarefas. Certo dia, Giichi Matsumura se juntou a outros internos para pescar em um lago da região. Mais tarde, ele teria se separado para pintar e desenhar — dom que desenvolveu durante o período. No entanto, o artista foi surpreendido com uma forte tempestade, que resultou em sua desgraça.
Como Matsumura não retornou para Manzanar, o grupo decidiu procurá-lo, no entanto, sem sucesso. Foi apenas em 3 de setembro de 1945 um casal que caminhava pela região encontrou seu corpo. Devida à altura da montanha e falta de recursos, os restos do prisioneiro foram enterrados ali mesmo.
Após a morte de Matsumura, sua família permaneceu em Manzanar, até o local ser oficialmente fechado em 21 de novembro de 1945. Mais tarde, os familiares voltaram para Santa Mônica, onde viveram por anos.
Em outubro de 2019, enquanto caminhavam pela região, Tyler Hofer e Brandon Follin encontraram os restos do esqueleto de Matsumura. De acordo com a Associated Press, o cadáver do combatente estava parcialmente coberto por pedras. Além disso, possuía um cinto na cintura, sapatos de couro e os braços estavam cruzados sobre o peito.
Na época, as autoridades do condado de Inyo procuraram — sem sucesso — por pessoas que estivessem desaparecidas e que correspondesse às características do corpo. Entretanto não era um mistério: a história de Matsumura não era completamente desconhecida entre os moradores da região.
Alguns anos antes, em 2012, o diretor Cory Shiozaki produziu um documentário sobre a história do campo de concentração de Manzanar. Na produção, o cineasta citava o fatídico episódio, tornando o caso conhecido entre os moradores. Portanto, as autoridades decidiram realizar um teste de DNA no cadáver, a partir de amostras fornecidas por Lori Matsumura, neta do prisioneiro.
Em entrevista ao Associated Press, a herdeira afirmou saber que os restos mortais pertenciam ao seu avô, pois quando mais nova, sua avó mostrava imagens dele coberto por pedras. Sua tia, Kazue disse à agência, ainda, que Matsumura foi apelidado de o "Fantasma de Manzanar".
Atualmente, o antigo campo de concentração de Manzanar tornou-se um museu e memorial. O objetivo do local é preservar as memórias da Segunda Guerra Mundial e homenagear as vítimas que foram mantidas como prisioneiras no local.