Dono de um dos maiores bancos do mundo, Safra morreu no ano de 1999 em um episódio controverso e repleto de reviravoltas
Em um duplex no edifício Belle Époque, na avenida d’Ostende, a pouco metros do famoso Cassino de Montecarlo, em Mônaco, vivia o famoso banqueiro judeu libanês naturalizado brasileiro Edmond Safra.
Dono de diversos bancos ao redor do mundo, entre eles o Republic National Bank of New York, Safra era considerado pela Forbes o 94º homem mais rico do mundo, tendo uma fortuna avaliada em 2,5 bilhões de dólares.
Tanto dinheiro o fazia, evidentemente, viver em um prédio luxuoso e muito seguro, com detectores de metais e câmeras de segurança. Além disso, Edmond também tinha um sistema próprio de segurança que era bem sofisticado, com portas blindadas que o protegia dentro de seu recinto.
Porém, toda essa aparente proteção não impediu que dois homens encapuzados e portando apenas uma faca invadissem sua residência na madrugada de 3 de dezembro de 1999 e pusessem fogo em uma das alas de sua casa. Trancado no banheiro, o banqueiro e sua enfermeira, Viviane Torrent, morreram asfixiados. Mas como o crime aconteceu?
A versão do enfermeiro
Safra, apesar de um homem rico, não conseguiu evitar um estado de saúde debilitado. Portador do Mal de Parkinson, necessitava de cuidados diários, por isso, contava sempre com enfermeiros a sua disposição.
Na noite do incidente que custou a vida do banqueiro, entre as seis e sete horas do horário local — três e quatro horas da manhã no Brasil —, Ted Maher, enfermeiro do empresário, dormia no quarto ao lado de Edmond quando dois homens encapuzados teriam entrado pela janela. De acordo com seus relatos, um deles teria ido em direção a suíte de seu patrão, enquanto outro teria lhe atacado.
Resistente, o enfermeiro foi esfaqueado três vezes, duas na perna e uma no abdômen, até conseguir pegar um halter e atingir a cabeça do invasor. Assim, o outro invasor teria retornado para ajudar seu comparsa. Antes de fugirem, a dupla teria ateado fogo em uma das alas da casa.
Ao se deparar com as chamas, Ted acionou a segurança e os bomebeiros. A esposa de Safra, Lily Safra, que estava no apartamento na hora do incêndio, foi socorrida a tempo porque estava em outro cômodo da ampla propriedade. Sua filha de seu primeiro casamento, Adriana, estava em Mônaco no dia do acidente, mas ausente da casa.
Interrogado pela polícia, Ted informou que não viu como o incêndio começou e nem como os criminosos fugiram. Além do mais, naquele dia, os seguranças de Safra estavam de folga, o que teria facilitado a ação dos criminosos. Teria sido um crime premeditado?
Motivações para o crime
Como duas pessoas haviam conseguido entrar em um prédio, e chegar ao sexto andar, luxuoso e com os sistemas de segurança mais requintados e moderno do mundo? Ao entrarem, por que não roubaram nada? Quais eram suas motivações?
Essas eram algumas das perguntas que os investigadores faziam todos os dias ao analisarem o caso. Inicialmente, a equipe seguiu com duas linhas de possibilidades: a primeira dava conta de que ataque havia sido encomendado pela máfia russa, afinal, o banqueiro havia avisado ao FBI de que os mafiosos usavam suas agências para lavagem de dinheiro. Edmond, inclusive, havia encerrado cerca de 40% de seus negócios na Rússia.
Outra possibilidade permeia a eminente venda do banco de Safra ao HSBC. O negócio, entretanto, havia sido paralisado por alguns meses devido a um possível envolvimento do Republic National Bank of New York com a Princeton Economic International. A empresa americana tinha sido acusada de fraudes em vendas de títulos no Japão, o que teria causado o prejuízo de mais de um bilhão de dólares em investidores japoneses. Teria sido a invasão uma retaliação?
A conclusão das investigações e as polêmicas
Apesar dessas duas linhas de raciocínio, os investigadores concluíram, após semanas analisando o caso, de que o crime havia realmente sido premeditado, porém, ele não aconteceu da maneira que Ted havia o descrito. Afinal, não existia invasores.
Maher havia armado tudo para salvar Safra de um suposto invasor e ser visto como um verdadeiro herói, recebendo uma compensasão financeira pelo ato. Assim, ele mesmo havia se esfaqueado e ajudado a propagar o fogo. No entanto, as coisas acabaram saindo de seu controle e o banqueiro acabou morrendo asfixiado. Ted foi condenado e cumpriu sete anos e meio de prisão, sendo liberado em 2007.
Porém, Michael Griffith, advogado de Ted, contesta firmemente essa acusação, alegando que a polícia nunca investigou direito o caso. Para ele, seu cliente serviu como um bode expiatório. O advogado ainda alega que, dois dias depois da morte de Safra, Heidi Mahrer, esposa de Ted, chegou em Mônaco e foi imediatamente levada para depor na polícia. Lá, seu passaporte foi apreendido.
O enfermeiro, por sua vez, foi obrigado a assinar um documento em francês, idioma desconhecido por ele, admitindo ter se esfaqueado e armado tudo para ser visto como um herói. “Esse era o melhor emprego que Ted já teve”, diz seu Michael. “Ele ganhava 175 mil dólares por ano com todas as despesas pagas. Por que ele ia querer ser esfaquear três vezes para ser um herói?”.
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