A fortuna deixada pelo símbolo do rock alternativo foi multiplicada ao longo de anos — mas passou por polêmicas envolvendo família e amigos
Com sucesso comercial dos discos Nevermind, Aneurysm e In Utero, a banda Nirvana disseminava o grunge e enriquecia com a ascensão do rock alternativo mundialmente. Em 5 de abril de 1994, no entanto, o grupo encerrava suas atividades com a suicídio do líder Kurt Cobain. De acordo com a CNBC, o músico de 27 anos deixava um patrimônio líquido de U$ 50 milhões.
A solidão e aversão ao materialismo de Kurt deixou uma incógnita em relação a sua herança monetária; entre os direitos de comercialização das músicas, uso de imagem e propriedades compradas ao longo da vida, haveriam diversas formas de monetização de sua obra, porém, com a atribuição incerta.
Wendy O’Connor Cobain, a mãe de Kurt, aceitou parte do dinheiro, mas não fez questão de cuidar da comercialização de itens relacionados aos filhos. Preferiu deixar para a esposa do cantor, Courtney Love, que também estava inserida na indústria musical. Juntamente de Krist Novoselic e de Dave Grohl, os outros membros da banda, a companheira passava a ser detentora da marca Nirvana.
Multiplicando a fortuna
Em 20 anos, as marcas relacionadas ao músico foram responsáveis por quase multiplicar por dez a fortuna deixada, de acordo com levantamento da CNBC em 2014. O valor de suas propriedades artísticas e pessoais foram avaliados em US$ 450 milhões, principalmente após o advento de novas mídias para promover as músicas da banda e até mesmo, conteúdos inéditos do músico, lançados postumamente.
Um exemplo foi a música “You Know You’re Right”, lançada em 2002, oito anos depois da morte de Kurt Cobain, sendo uma das últimas canções gravadas. A explosiva composição chegou ao número 1 do ranking de Rock da Billboard americana, mas gerou uma briga judicial da viúva com os outros membros.
Krist e Dave faziam questão de lançar a composição em uma coletânea, enquanto Courtney acreditava que tal feita desperdiçaria o tesouro. De acordo com o gerente da cantora, o single tinha o potencial de vender 15 milhões de cópias. Por fim, foi lançado de ambas as maneiras, rendendo ainda mais dinheiro pela polêmica em torno do embate.
Em 2006, Love preferiu vender os direitos de publicação do ex-marido a gravadora Primary Wave, incluindo sua parte dos direitos do Nirvana, por um valor estimado em £40 milhões. Larry Mestel, CEO da gravadora, afirmou que a imagem do músico era como a de um “titã na cultura pop”, repassando seus direitos para a BMG em 2014 por US$ 150 milhões.
Herança pessoal
Com o dinheiro obtido na venda dos direitos, Courtney investiu no fundo fiduciário da filha Frances Bean, que tinha apenas 20 meses quando o pai morreu. Ao completar 18 anos, a jovem teve acesso a 37% da fortuna total mantida por Courtney, posteriormente usado pela filha para comprar de sua mãe o direito de imagem de Kurt.
Com o amparo da mãe, Frances autorizou a Converse, marca responsável pelo tênis All Star — o preferido de Kurt — para estampar alguns manuscritos do pai nos calçados. Porém, manifestou incômodo com o uso da música ‘Smell Like Teens Sprit’ no filme ‘Os Muppets’, afirmando ser um desrespeito a seriedade da obra.
No início de 2020, chegou a bloquear o leilão do violão usado pelo pai no “MTV Unplugged”, que foi dado para um ex-namorado da jovem, anos antes. Mesmo batendo um recorde, sendo o violão mais caro já vendido pela casa de leilões — US$6 milhões — Frances não conseguiu interromper as ofertas, nem obter parte da arrecadação. De acordo com o The Blast, a marca Cobain gera aproximadamente US$100 mil por mês para a herdeira do músico.
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