Para entender melhor essa figura da história norte-americana, o Aventuras na História conversou com exclusividade com a professora e coordenadora do curso de licenciatura em História da Estácio de Sá, Joselia de Castro Silva
“Bastardo, órfão e filho de uma prostituta”, é assim que Alexander Hamilton é descrito logo no primeiro ato do musical homônimo de Lin-Manuel Miranda, baseado na biografia de Ron Chernow.
A peça que se tornou sucesso na Broadway e um verdadeiro fenômeno cultural, agora pode ser assistida com legendas em português na plataforma de streaming Disney+. A produção trouxe à tona ao público mais jovem o interesse por essa figura importante, porém, esquecida da história dos Estados Unidos.
Para entendermos melhor sobre Alexander Hamilton, o site Aventuras na História entrevistou com exclusividade a professora, historiadora e coordenadora do curso de licenciatura em História da universidade Estácio de Sá, Joselia de Castro Silva.
Antes de ter sua história relacionada com a fundação dos Estados Unidos, Hamilton vivenciou episódios muito difíceis em sua vida. Nascido na então colônia britânica de Nevis, o revolucionário foi abandonado pelo pai sendo criado somente pela mãe. Contudo, no ano de 1768, a mulher faleceu de febre amarela. Aos 13 anos, Alexander estava órfão.
O jovem foi acolhido por sua comunidade local e assim passou a desenvolver interesse por economia e se tornou um leitor voraz. Entretanto, em 1772 um furacão devastou a ilha de Santa Cruz, no Caribe, onde ele havia se estabelecido.
Essa tragédia na vida de Hamilton que fez com que os olhos da cidade se voltassem para seu talento notável, já que o jovem escreveu um relato sobre o furacão e estampou jornais do Caribe com seu texto. Isso iria mudar sua vida:
“Hamilton era um jovem muito ligado aos negócios e com grande potencial para números. No entanto, também dedicava seu tempo à leitura e escrita e ganhou destaque após um ensaio que ele escreveu sobre um furacão que devastou a cidade de Christiansted (Santa Cruz) ser publicado na Royal Danish Public Gazette em 1772, revelando seu talento”, afirma a historiadora Joselia de Castro.
“Admirado por seus escritos que demonstraram seu nível cultural elevado e por ser tão novo, houve uma mobilização de membros da comunidade na qual vivia para que fosse enviado aos Estados Unidos”, explica Silva.
Com a ajuda de sua comunidade, em outubro de 1772, o homem chegou à Nova York para estudar direito. Não demorou muito para que o advogado iniciasse sua trajetória na política.
“Após chegar aos Estados Unidos, o então estudante Alexander Hamilton atuou na guerra de independência dos Estados Unidos. Devido à sua participação e seus contatos, posteriormente acabou nomeado como representante de Nova York no Congresso da Federação, dando início à sua carreira política no país”, relata a historiadora.
Após o ato de Quebec — que limitava a expansão das colônias britânicas — o então estudante se alistou no exército e lutou pela liberdade dos norte-americanos. Foi assim que se tornou peça chave para a independência do país.
“Hamilton, além de atuar ao lado do movimento pela independência, foi um dos articuladores dos Papéis Federalistas, conjunto de escritos que contribuíram para a escrita da primeira constituição dos EUA”, nos relata a historiadora.
“Além disso, foi convidado por George Washingtonpara ser secretário do tesouro, um dos cargos mais importantes do país. Auxiliou na estruturação econômica estadunidense e forneceu as bases para o sistema econômico do país, colaborando para que este passasse de país endividado com a guerra para equilibrado financeiramente”, explica de Castro.
Nas eleições de 1800, o partido de Hamilton foi derrotado por um de seus maiores rivais na política, Thomas Jefferson. Na época, presidente e vice eram eleitos de maneira separadas, na ocasião, Jefferson concorria com Aaron Burr.
Mesmo com as divergências entre Thomas e Alexander, o federalista decidiu apoiar abertamente o candidato do partido oposto, afirmando que preferia eleger alguém “com princípios diferentes” do que “alguém sem princípios”.
Entretanto, Burr se sentiu ofendido com o posicionamento do federalista e marcou um duelo. Na época, tais lutas estavam proibidas, mas, aconteciam mesmo assim. Em seu testamento Hamilton escreveu que pretendia abdicar de seu tiro, contudo, Burr não fez o mesmo. O homem atingiu Alexander — que não resistiu aos ferimentos e faleceu em 12 de julho de 1804.
“Para Hamilton, Burr não era uma pessoa confiável e ambos tinham uma rivalidade pessoal iniciada anos antes dos acontecimentos que culminaram no fatídico duelo que causou a morte de Hamilton. Apesar de Jefferson ser opositor político de Hamilton, era uma escolha melhor que Burr, que ficou com a vice-presidência”, afirma a historiadora.
Por muito tempo o homem que atualmente estampa a nota de dez dólares, havia sido ‘deixado de lado’ pelo próprio povo — já que não tinha o mesmo reconhecimento histórico que outros parceiros, como George Washington, por exemplo.
De acordo com a professora, o ‘esquecimento’ de Hamilton pode estar relacionado a diversos motivos: “Por ser latino, vir de origem pobre, por não ter sido presidente do país [...] por ter morrido jovem em um duelo”, pontuou a historiadora.
De qualquer maneira, o político foi crucial para a independência dos EUA, além de ter sido um dos pais fundadores do país e primeiro secretário do Tesouro, ele também desenvolveu a base da constituição norte-americana.
Segundo a historiadora Joselia de Castro, o legado de Hamilton permanece até os dias de hoje “tanto na política estadunidense com suas contribuições, tanto para o sistema federalista do país, quanto pelo aspecto econômico”.
Contudo, nos últimos seis anos, o ‘esquecimento’ de Alexander teve um fim e sua história voltou a chamar atenção após ser tema do musical Hamilton (2015).
A produção premiada que venceu 11 Tony’s; o Grammy de Melhor Álbum de Teatro Musical; e também o Prêmio Pulitzer de Drama de 2016, trouxe a trajetória de Hamilton de volta aos olhares do público.
“O musical trouxe à tona o interesse por esse personagem, pois apesar de importante para a história estadunidense, sua história é pouco conhecida pelo grande público em geral”, finalizou Joselia.
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