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Matérias / Religião

De milagre na crucificação de Jesus aos três pulinhos, conheça a trajetória de São Longuinho

Celebrado em 15 de março, soldado cravou uma lança em Cristo no Calvário, arrependeu-se e virou um peregrino da fé cristã

Redação Publicado em 15/03/2019, às 11h15

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Estátua de São Longuinho exposta na basílica de São Pedro, no Vaticano - Wikimedia Commons
Estátua de São Longuinho exposta na basílica de São Pedro, no Vaticano - Wikimedia Commons

Caio ajudava os pais agricultores na colheita para vender os produtos em feiras. Isso até os seus 18 anos. Por indicação de um amigo da família, entrou para o exército romano acreditando que essa seria sua chance de ganhar dinheiro para se casar. Depois de algumas batalhas, foi enviado a Jerusalém e recebeu uma missão do governador Pôncio Pilatos: acompanhar a crucificação de Jesus. No Calvário, viu seus colegas quebrarem as pernas dos prisioneiros crucificados para apressar sua morte e presenciou o sofrimento do messias.

Para confirmar se Jesus já havia morrido, enfiou uma lança em um dos lados de seu abdômen. Foi quando saíram sangue e água do ferimento. Esta última respingou nos olhos de Caio, que mudou sua forma de enxergar o mundo. Naquele momento, o soldado sentiu a terra tremer e o dia virou noite. A partir de então, ele se arrependeu de seu ato, mudou seu nome para Longino e passou a peregrinar em nome de Cristo.

Estátua de São Longuinho exposta na basílica de São Pedro, no Vaticano / Wikimedia Commons

Longuinho virou monge e, seguindo recomendação dos apóstolos de Jesus, viveu por 30 anos em Cesaréa da Capadócia. Dizem que ele também visitou os lugares por onde o messias passou.

Por ter se convertido, sofreu muitas afrontas. Certa vez, um homem o perseguia com imagens de deuses pagãos. Longuinho destruiu cada uma com um machado, e delas saíram espíritos malignos, que teriam cegado o homem. O ex-soldado avisou que ele só seria curado após sua conversão, o que aconteceu durante uma prece de Longuinho.

Por ordem do imperador Otávio, o novo pregador da palavra de Deus acabou preso e torturado. Sua língua foi cortada e seus dentes arrancados. Mártir, foi canonizado, apesar de não existir comprovação histórica de sua existência. Sua lança, porém, é relíquia no Museu do Vaticano.

Há várias lendas a respeito do santo. Uma delas diz que ele se feriu antes de virar cristão e perdeu um braço. Outra diz que Longuinho casou-se com uma moça chamada Juliana e os dois formaram uma família cristã. A terceira é sobre o encontro dele com a Virgem. Ela apareceu para avisar que Jesus já o teria perdoado.

O culto ao santo no Brasil foi herdado dos colonizadores portugueses e espanhóis. Existem duas igrejas com imagens dele no país: Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (MG), e Nossa Senhora da Escada, em Guararema (SP). Nesta, existe uma imagem esculpida em madeira por índios.

No Nordeste, o santo é chamado de Guinho. Uma tradição conhecida, principalmente entre crianças, é quando se invoca São Longuinho para encontrar objetos perdidos e se agradece dando três pulinhos ao ter o problema resolvido.

O santo de objetos perdidos

1. A lanterna na mão é um símbolo do seu poder de abrir caminhos e encontrar objetos perdidos.

2. A luz da lanterna sugere também que alcançou a iluminação depois que a água do corpo de Cristo respingou em seus olhos.

3. A sacola, o cajado e as vestes são típicos de monges peregrinos. Mas às vezes ele é representado com roupas de centurião e uma lança, instrumento que teria usado para perfurar o corpo de Cristo.

A oração

Glorioso São Longuinho, a ti suplicamos, cheios de confiança em tua intercessão. Sentimo-nos atraídos a ti por uma especial devoção, e sabemos que nossas súplicas serão ouvidas por Deus Nosso Senhor, se tu, tão amado por Ele, nos fizer representar. Tua caridade, reflexo admirável, inclina-se a socorrer toda a miséria, consolar todo o sofrimento, suprir toda necessidade em proveito de nossas almas e assegurar cada vez mais nossa eterna salvação, com a prática de boas obras e imitação de tuas virtudes. Amém.