Celebrado em 15 de março, soldado cravou uma lança em Cristo no Calvário, arrependeu-se e virou um peregrino da fé cristã
Caio ajudava os pais agricultores na colheita para vender os produtos em feiras. Isso até os seus 18 anos. Por indicação de um amigo da família, entrou para o exército romano acreditando que essa seria sua chance de ganhar dinheiro para se casar. Depois de algumas batalhas, foi enviado a Jerusalém e recebeu uma missão do governador Pôncio Pilatos: acompanhar a crucificação de Jesus. No Calvário, viu seus colegas quebrarem as pernas dos prisioneiros crucificados para apressar sua morte e presenciou o sofrimento do messias.
Para confirmar se Jesus já havia morrido, enfiou uma lança em um dos lados de seu abdômen. Foi quando saíram sangue e água do ferimento. Esta última respingou nos olhos de Caio, que mudou sua forma de enxergar o mundo. Naquele momento, o soldado sentiu a terra tremer e o dia virou noite. A partir de então, ele se arrependeu de seu ato, mudou seu nome para Longino e passou a peregrinar em nome de Cristo.
Longuinho virou monge e, seguindo recomendação dos apóstolos de Jesus, viveu por 30 anos em Cesaréa da Capadócia. Dizem que ele também visitou os lugares por onde o messias passou.
Por ter se convertido, sofreu muitas afrontas. Certa vez, um homem o perseguia com imagens de deuses pagãos. Longuinho destruiu cada uma com um machado, e delas saíram espíritos malignos, que teriam cegado o homem. O ex-soldado avisou que ele só seria curado após sua conversão, o que aconteceu durante uma prece de Longuinho.
Por ordem do imperador Otávio, o novo pregador da palavra de Deus acabou preso e torturado. Sua língua foi cortada e seus dentes arrancados. Mártir, foi canonizado, apesar de não existir comprovação histórica de sua existência. Sua lança, porém, é relíquia no Museu do Vaticano.
Há várias lendas a respeito do santo. Uma delas diz que ele se feriu antes de virar cristão e perdeu um braço. Outra diz que Longuinho casou-se com uma moça chamada Juliana e os dois formaram uma família cristã. A terceira é sobre o encontro dele com a Virgem. Ela apareceu para avisar que Jesus já o teria perdoado.
O culto ao santo no Brasil foi herdado dos colonizadores portugueses e espanhóis. Existem duas igrejas com imagens dele no país: Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas (MG), e Nossa Senhora da Escada, em Guararema (SP). Nesta, existe uma imagem esculpida em madeira por índios.
No Nordeste, o santo é chamado de Guinho. Uma tradição conhecida, principalmente entre crianças, é quando se invoca São Longuinho para encontrar objetos perdidos e se agradece dando três pulinhos ao ter o problema resolvido.
1. A lanterna na mão é um símbolo do seu poder de abrir caminhos e encontrar objetos perdidos.
2. A luz da lanterna sugere também que alcançou a iluminação depois que a água do corpo de Cristo respingou em seus olhos.
3. A sacola, o cajado e as vestes são típicos de monges peregrinos. Mas às vezes ele é representado com roupas de centurião e uma lança, instrumento que teria usado para perfurar o corpo de Cristo.
A oração
Glorioso São Longuinho, a ti suplicamos, cheios de confiança em tua intercessão. Sentimo-nos atraídos a ti por uma especial devoção, e sabemos que nossas súplicas serão ouvidas por Deus Nosso Senhor, se tu, tão amado por Ele, nos fizer representar. Tua caridade, reflexo admirável, inclina-se a socorrer toda a miséria, consolar todo o sofrimento, suprir toda necessidade em proveito de nossas almas e assegurar cada vez mais nossa eterna salvação, com a prática de boas obras e imitação de tuas virtudes. Amém.