Sendo um símbolo do movimento dos escravos rebelados, o porto-riquenho lutou contra o domínio da Coroa Espanhola no país sul-americano
Nascido em Porto Rico, Miguel de Búria foi levado para a Venezuela ainda na infância, se tornando um dos mais jovens escravos de Damian del Barrio. Tirado de sua terra natal pela Coroa Espanhola para fazer trabalhos forçados nas minas de ouro, o garoto foi dado de presente ao filho de Damian, Pedro del Barrio, sendo um de seus escravos mais explorados.
Apesar de ser mandado por um homem de idade aproximada, sua estatura e força física era muito maior, o que possibilitada uma vingança, planejada por anos. Em certo dia, a oportunidade surgiu de um descuido; o capataz de Pedro, Diego Hernández de Serpa, tentou açoitá-lo com o chicote, mas Miguel conseguiu ser mais ágil durante o deslocamento.
Conta o folclore venezuelano que Miguel surrupiou a espada do funcionário e duelou, abalando pela primeira vez a hierarquia de poder que lhe havia sido imposta. Não apenas conseguiu deter Pedro, como impressionou companheiros. Munido de uma arma cortante, conseguiu fugir para a selva próxima, instalando-se na base da Cordilheira de Mérida.
Rebelião
Seu ato de revolta inspirou outros na mesma situação que ele a também buscarem a liberdade, formando ainda nas proximidades do seu engenho um assentamento de ex-escravizados com Miguel de Búria como líder.
Em 1552, quando já tinham reunido um bom número de homens libertos, Miguel liderou uma insurreição de trabalhadores escravizados contra o domínio espanhol local, protestando contra os antigos capatazes. No ato, realizaram técnicas de tortura semelhantes as usadas quando escravos, como chicotadas e pauladas.
A insurreição não apenas amedrontou os donos de escravos da província venezuelana, como serviu para munir a equipe protestante, que saqueou artefatos de batalha e dominou uma das minas de ouro. Entre os espólios de guerra, foi levado o ouro das minas e os equipamentos de mineração dos espanhóis.
Rey Miguel, el negro
Com a influência, Miguel foi popularmente nomeado pelos outros escravos como rei, sendo sua esposa se tornou uma rainha, seu filho um príncipe, e outros líderes da rebelião se converteram em ministros do governo, conselheiros de estado e oficiais militares. O reino seguia um formato europeu e contava até mesmo com uma igreja.
O governo espanhol, no entanto, faria de todo o possível para destruir esse reino de ex-escravizados que ousava existir dentro de sua colônia. Após diversos preparativos de guerra que incluíram a preparação de lanças e dardos com o metal do equipamento de mineração, o Rei Miguel marchou para a primeira batalha; não só seguido de ex-escravos, como também por nativos que queriam a queda do domínio espanhol.
Batalha pela liberdade
Como tática de guerra psicológica, foi utilizada a planta regional genipa americana para pintar o rosto dos nativos, deixando-os escuros. O objetivo dessa estratégia seria fazer com que o exército do Rei Miguel parecesse ter mais negros, intimidando os espanhóis. Com tal técnica, o "reinado" de Miguel perdurou por mais três anos, edificando a sociedade alternativa de ex-escravos após uma sequência de batalhas e saques de sucesso.
Em sua última batalha , em 1555, Miguel de Búria foi ferido com um golpe de espada, falecendo momentos depois. Diferentes versões da história dão o crédito para diferentes espanhóis, portanto, não é possível dizer com certeza quem lhe deu o golpe final. O que é certo é que o golpe que matou Miguel, também matou o ousado movimento de resistência do qual ele era líder.
Seus seguidores prosseguiram lutando até a morte, com alguns posteriormente capturados e tornados escravos novamente. Sua esposa e filho foram vendidos de volta à escravidão como símbolos. Apesar da derrota física, no entanto, Miguel de Búria sobreviveu como um poderoso símbolo negro presente até hoje no folclore e literatura venezuelanos.
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