Julius e Ludwig Pieper ingressaram na Marinha Americana em 1943 e encontraram um destino trágico — e inesperado
“Eles eram inseparáveis. Eles sentiram que vieram para esta vida juntos, e se eles iam morrer, eles queriam morrer juntos”. Assim Susan Lawrence descreveu ao Washington Post os tios Julius e Ludwig Pieper, gêmeos que além de terem dividido o mesmo útero, compartilhavam os mesmos gosto e, tragicamente, dividiram o último suspiro.
Nascidos na Dakota do Sul, em 1925, e filhos de imigrantes alemães, os irmãos se mudaram ainda crianças com os pais e o irmão mais velho para uma pequena cidade no estado americano de Nebraska.
Eram conhecidos na região, tornaram-se os primeiros gêmeos a trabalharem em uma ferrovia do município. Além de se divertirem juntos, estudarem e passarem a maior parte do tempo na companhia um do outro, decidiram se alistar nas Forças Armadas.
Pouco tempo antes de completarem 18 anos, idade mínima para ingressar no exército, receberam o aval do pai Otto Pieper para se inscreverem na Marinha Americana. O sonho era inspirado no irmão Fred, que já era soldado.
A maioridade de Julius e Ludwig coincidiu com o caos da Segunda Guerra, em 1943. Pouco se sabe sobre a trajetória militar exata dos irmãos, tudo o que os familiares recebiam eram cartas redigidas por eles. Em uma delas, os Pieper escreveram aos pais: “Não se preocupe conosco, estamos juntos”.
Um estudo realizado em 2015 por Vanessa Taylor e Nichole Flynn, de uma escola em Nebraska, revelou detalhes sobre as funções militares dos gêmeos. A primeira parada dos recém-solados foi o estado da Indiana, seguindo para o navio Stardust, que teria como objetivo cruzar o Atlântico.
Entre suas responsabilidades estava cuidar dos equipamentos de rádio, afinal, ambos haviam se formado pela Universidade de Chicago, onde haviam estudado Código Morse na escola para radiologistas.
A jornada no exército, entretanto, durou pouco. Em junho de 1944, poucas semanas depois do famoso desembarque na Normandia, o Dia D, o navio Stardust atingiu uma mina magnética subaquática, matando os tripulantes em uma explosão instantânea.
“Muitos dos homens estavam na fila, foram mortos instantaneamente”, escreveram as estudiosas. “Os sobreviventes foram resgatados através de vinte pequenas embarcações que apareceram em cena”, revelaram as pesquisadoras ao Washington Post.
Com apenas 19 anos, a vida dos irmãos foi ceifada em um acidente inesperado. Após a tragédia, o corpo de Ludwig foi identificado e enviado para sepultamento; para a tristeza da família, o paradeiro dos restos mortais de Julius era desconhecido.
Enquanto o cadáver de Ludwig foi enterrado no Cemitério Americano da Normandia, na França. Uma inscrição com o nome de Julius foi registrada no Muro dos Desaparecidos. Apenas quando Vanessa Taylor descobriu a saga dos irmãos e pediu ajuda à professora Nichole Flynn que o caso passou por uma importante reviravolta.
Relatos afirmavam que mergulhadores haviam encontrado um corpo nos destroços do navio em 1961, mas devido à falta de tecnologia da época não existiam exames capazes de identificar a quem pertencia o esqueleto.
Quando Taylor se deparou com a informação, sabia que a probabilidade de ser Julius era grande. Uma lista de pessoas de Nebraska que morreram no conflito foi uma pista crucial para localizar o destino de Pieper.
Na mesma época, a Agência de Contabilidade dos POWs de Defesa / MIA estava realizando um trabalho intenso para identificar soldados dados como desaparecidos na Segunda Guerra. A resposta veio após meses de pesquisa, em um terreno dedicado a combatentes desconhecidos no Cemitério Americano de Ardennes, na Bélgica, estava Julius Pieper.
Mais de 70 anos após a morte do filho, a família de Julius conseguiu enterrá-lo com dignidade, ao lado do irmão. Os parentes, já desacreditados, ficaram aliviados com a novidade, como revelou Lawrence em entrevista ao Washington Post, em 2018, sua mãe se sentia como “se um grande fardo tivesse sido tirado de seus ombros”.
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