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Matérias / Brasil

Chico Pé de Pato, o homem que matou o estuprador de sua esposa e filha

"Se a polícia não age, eu entro em ação". Chico passou a ser conhecido como o Justiceiro da Zona Leste

Wallacy Ferrari Publicado em 28/02/2020, às 15h00

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Imagem meramente ilustrativa - Getty Images
Imagem meramente ilustrativa - Getty Images

Nascido no sertão da Bahia, Francisco Vital da Silva, migrou para São Paulo em busca de trabalho e melhores condições de vida. Com pouca renda, se mudou para Itaim Paulista, na zona leste de São Paulo, onde arranjou trabalhos como pedreiro. Quando conseguiu juntar uma quantia suficiente, abriu um bar.

O bar, frequentemente roubado, passou a atiçar a ira de Chico, que começou a andar portando uma faca para se defender. Ao impedir um roubo em seu estabelecimento, o comerciante passou a ser ameaçado e despertou a raiva de criminosos da região. Os alvos para a vingança seriam, justamente, a família de Francisco.

Em 1984, enquanto fazia um boletim de ocorrência sobre a tentativa de roubo, cinco homens invadiram sua casa, roubaram diversos itens e estupraram a esposa e a filha, que tinha 16 anos. A raiva de Chico era tamanha ao voltar, que levou a filha e a esposa para a Bahia, para se recompor psicologicamente. Dois meses depois, voltou para São Paulo sem a esposa e a filha, porém, armado.

Junto ao filho Flávio, de 19 anos, passou a fazer jornadas de caçada ao crime na cidade, se tornando um personagem notável no jornal Notícias Populares, que relatava quase que semanalmente, os assassinatos cometidos por Francisco, agora apelidado de Chico Pé de Pato. A primeira manchete, em 14 de agosto de 1985, estampava na capa: “2 Irmãos Liquidados pelo Justiceiro da Zona Leste”.

A lista de nomes divulgada pelo jornal relatava que os irmãos estavam em uma lista de mais de 30 nomes. Na segunda ocasião coberta pela mídia, Chico chegou a deixar um aviso: “se a polícia não age, eu entro em ação”. Com a postura justiceira, conseguiu ter sua própria série de reportagens no Notícias Populares, conquistando fãs por toda a cidade.

Era também amigo pessoal de Afanásio Jazadji, o radialista de maior audiência do estado de São Paulo durante o início da década de 1980 com o programa Patrulha da Cidade, que denunciava casos policiais sem solução. Afanásio tinha contato direto com Chico, que por sua vez, dava as informações sobre seus assassinatos com exclusividade ao programa.

O estopim para combater Chico foi em uma ocasião onde o mesmo matou um policial militar à paisana que o agrediu em um bar. O justiceiro, que fugiu com seu Opala, fez contato com Afanásio, que o convenceu a se entregar para a ROTA. No dia de sua prisão, anunciada no rádio, mais de 500 pessoas estavam reunidas para recebê-lo e apoiá-lo.

Chico foi condenado a impressionantes 6 anos de prisão por inúmeros assassinatos, uma pena considerada baixa, mas relativamente precisa graças a pressão de cerca de 2 mil pessoas que compareceram ao tribunal. Demonizado na cadeia, foi assassinado na penintenciária por 91 golpes de estilete.


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