Neste mês, chegou à Netflix a terceira temporada de 'Bridgerton'; confira o quão preciso historicamente são alguns detalhes da série!
Publicado em 28/05/2024, às 19h00 - Atualizado em 31/05/2024, às 11h56
Neste mês de maio, os amantes de séries de ambientação histórica celebararam a chegada dos quatro primeiros episódios da terceira temporada de 'Bridgerton'. Na série, acompanhamos os oito irmãos Bridgerton buscando amor e felicidade em meio à alta sociedade de Londres no período, durante a Era Regencial da Inglaterra.
As duas primeiras temporadas da série são uma adaptação dos livros 'O duque e eu' e 'O visconde que me amava', focados em Daphne Bridgerton (interpretada por Phoebe Dynevor) e em Anthony Bridgerton (Jonathan Bailey), respectivamente. As obras são referentes à saga literária escrita por Julia Quinn, que possui ao todo nove livros.
Nesta terceira temporada, acompanhamos os eventos do quarto livro, 'Os segredos de Colin Bridgerton'. Aqui, a atenção é voltada ao início do romance entre Colin Bridgerton (Luke Newton), com Penelope Featherington (Nicola Coughlan), uma personagem marcante por revelar segredos da aristocracia.
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O período regencial do Reino Unido, ambiente da obra, começou em 1811, quando o rei George III ficou incapacitado de governar o reino devido a uma doença que o deixou mentalmente incapacitado; levando seu filho, George IV, a assumir o posto de governante como príncipe regente, enquanto seu pai ainda era vivo. Isso durou nove anos, até a morte de George III em fevereiro de 1820.
Sendo 'Bridgerton' uma série tão instigante com a ambientação, cenários, roupas, cabelos e fofocas, e se passando em um período histórico tão específico e turbulento do Reino Unido, muitos devem se perguntar o quão precisa historicamente a série é, em seus detalhes. Bom, a produção da Netflix é fictícia, entretanto, conta com referências reais.
Segundo a Dra. Lizzie Rogers, historiadora especializada no período regencial da Inglaterra, em entrevista à People, na maioria, o figurino de 'Bridgerton' pode ser um destaque positivo para a série, para aqueles que buscam fidelidade. Por mais que os tecidos e desenhos dos vestidos sejam "muito mais elaborados" do que realmente seriam na época, o formato dos trajes segue o que foi utilizado no passado.
"Eles acertam realmente a silhueta", opina a historiadora. Ela ainda menciona que esse estilo teria se popularizado principalmente por Josefina, esposa de Napoleão Bonaparte.
Uma exceção da época foi a rainha Charlotte, que ascendeu ao trono em 1761, que gostava mais de espartilhos e saias fofas, que se popularizaram no início do século 18. Ela é uma personagem de mais destaque na série spin off de 'Bridgerton', 'Rainha Charlotte', de 2023.
Conforme explica Rogers, os decotes quadrados dos vestidos em 'Bridgerton' são reflexo de um estilo pretensiosamente sensual da época: "Temos a tendência de pensar que as mulheres [do século 19] eram rigorosamente controladas pelo decoro, mas, na verdade, [seus vestidos] eram muito decotados. Algumas [mulheres] até molhavam a saia para que ela grudasse nas pernas".
Na ausência de chapéus, o que também brilha em 'Bridgerton' são os penteados das personagens. E, de maneira geral, o que pode ser visto é inspirado em costumes históricos, entretanto, o que mais se adequa ao estilo "clássico" da Regência é o corte de Daphne, com franjas e cachos em volta de seu rosto.
Rogers acrescenta que os penteados se relacionam à idade das personagens: "Eles [os produtores da série] fazem um bom trabalho ao separar as mulheres mais jovens, que não estão exatamente na sociedade, com os cabelos soltos, [das] mulheres que estão na sociedade, com os cabelos presos".
Porém, um possível engano da série foi ter deixado de lado os cortes de cabelo mais curtos. A historiadora pontua que, na sociedade vitoriana posterior, as mulheres valorizavam o cabelo comprido acima de tudo, porém, aquelas que viveram no período da Regência passaram a perceber que fios curtos estavam "mais na moda".
O que certamente salta aos olhos e quase nos faz querer viver dentro de 'Bridgerton', são os cenários opulentos e deslumbrantes das casas em que vivem os personagens. E, bem, é possível dizer que moradias como aquelas seriam exclusivas dos mais ricos.
Porém, na vida real, para a surpresa de muitos, a era regencial foi ainda mais esplêndida do que a série mostra: "Eles adoravam realmente as cores", descreve Rogers.
Certamente uma tradição bastante valorizada ao longo de 'Bridgerton' são os bailes. De fato, eles ocorreram na Inglaterra Regencial, sendo originados do período Tudor (entre 1485 e 1603): "Com Elizabeth I, apresentavam mulheres na corte e se tornavam damas de companhia", explica Rogers.
Com o passar do tempo, este evento passou a ser comum para introduzir mulheres à sociedade, que precisavam ser apresentadas por um membro da família já conhecido. Quem participava dos bailes, segundo Rogers, eram principalmente jovens "iniciantes na sociedade", que tinham "cerca de 16 a 18 anos de idade".
Era também nesses eventos que a alta sociedade protagonizava o que era assunto nas "colunas de fofocas". De qualquer maneira, vale destacar que Bridgerton é uma adaptação de livros de romance e não tenta reproduzir a história real da Regência.