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Matérias / Batalhão 6888

Batalhão 6888: Saiba o que aconteceu com Lena Derriecott King

Batalhão 6888, novo filme original da Netflix, mostra a importância de um batalhão composto apenas por mulheres durante a Segunda Guerra

por Thiago Lincolins
[email protected]

Publicado em 22/12/2024, às 12h15

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Lena Derriecott King: Realidade e ficção - Arquivo pessoal e Divulgação/Netflix
Lena Derriecott King: Realidade e ficção - Arquivo pessoal e Divulgação/Netflix

No top 10 dos filmes mais assistidos por brasileiros neste final de semana na Netflix, "Batalhão 6888" chama atenção. O filme leva os assinantes para a Segunda Guerra Mundial e revela uma história que não recebeu o devido reconhecimento durante anos.

No longa-metragem, o trabalho de suma importância do 6888º Batalhão Postal Central, dos EUA, é destrinchado. Composto apenas por mulheres, em sua maioria negras, a unidade foi responsável por acabar com o acúmulo de correspondências enviadas aos soldados.

"Uma capitã (Kerry Washington) lidera um batalhão composto apenas por mulheres. A missão delas? Restaurar a esperança dos soldados que lutam nas linhas de frente da Segunda Guerra Mundial. Para fazer isso acontecer, elas precisarão entregar mais de 17 milhões de cartas que ficaram esquecidas", destaca a sinopse do filme.

No filme, uma das mulheres da vida real se chama Lena Derriecott King. Abaixo, confira sua trajetória e o que aconteceu com a combatente.

A história de Lena

Lena Derriecott fez parte do 6888º Batalhão Postal Central do Exército dos Estados Unidos, unidade composta exclusivamente por mulheres a servir no exterior durante a Segunda Guerra Mundial. 

Antes disso, Derriecott esteve envolvida em causas cívicas locais e nacionais. Lidando com o racismo da época, integrou a Administração Nacional da Juventude da Primeira Dama Eleanor Roosevelt e viajou até Washington, D.C., para protestar contra restaurantes segregados.

Outro capítulo notável de sua vida também ocorreu antes de seu capítulo no conflito de proporções mundiais. Derriecott fez amizade com um garoto judeu chamado Abram "Hyman". Ele se alistou nas Forças Aéreas do Exército, mas foi morto em sua primeira missão de combate. Na época da morte de David, Derriecott já trabalhava em um hospital local. A partida do colega inspirou-a a se alistar nas Forças Aéreas, explica o Warfare History Network.

Lena Derriecott King
Lena Derriecott King - Arquivo pessoal

Como apenas homens eram convocados para o serviço militar, Derriecott se ofereceu como voluntária no verão de 1943 e se inscreveu para atuar como enfermeira. Ela foi enviada para o Fort Des Moines, em Iowa, onde inicialmente treinavam oficiais mulheres brancas, mas que abriu uma seção segregada para mulheres negras.

Tínhamos que manter nossos sapatos brilhando e nossas camas arrumadas o suficiente para fazer uma moeda quicar sobre elas", relembrou ela ao veículo.

Após o término do treinamento básico, ela foi enviada para Douglas Army Air Field no sul do Arizona. Em janeiro de 1944, ao chegar em Douglas, ela fez um teste de aptidão, mas uma gripe atrapalhou seu desempenho: "Eu nunca consegui fazer o teste novamente", lamentou.

Derriecott atuou como enfermeira no hospital da base; apesar das limitações em cursos oferecidos ali, ela era necessária devido à carência de profissionais na área. Promovida a cabo, trabalhou ainda no setor automotivo do quartel.

Depois de quase um ano servindo em Douglas, se alistou para o Batalhão 6888, que a enviaria à Europa, capítulo de sua trajetória que inspirou o novo filme da Netflix.

O batalhão

As operações da unidade eram intensas, com as mulheres trabalhando em turnos extensos, garantindo uma operação contínua ao longo do dia e durante os finais de semana. 

Quando chegaram à Escócia em fevereiro de 1945 e depois se estabeleceram em Birmingham na Inglaterra como parte do batalhão oficializado em março daquele ano, encontraram um ambiente caótico.

A realidade enfrentada pelas integrantes do 6888º Batalhão era complicada; precisavam lidar com a distribuição de correspondências acumuladas em armazéns infestados por ratos e sem aquecimento durante os invernos rigorosos.

Batalhão 6888
Cena do filme Batalhão 6888 - Divulgação/Netflix

Apesar das adversidades climáticas e perigos constantes devido aos bombardeios inimigos com V-1 e V-2 alemães sobre a cidade, essas mulheres conseguiram resolver rapidamente as pendências postais acumuladas.

As integrantes receberam um prazo rigoroso de apenas seis meses para concluir suas atividades. 

"Uma coisa que os soldados esperavam era a correspondência, saber que alguém ainda estava pensando neles", disse Derriecott em 2019 ao Warfare History Network. "No serviço militar, a chamada do correio, quando os soldados se reuniam ao redor do carteiro para ouvir seus nomes serem chamados, era um momento muito significativo."

Para se ter ideia, elas conseguiram reencaminhar aproximadamente 17 milhões de pacotes durante três meses enquanto estavam na Inglaterra.

Com o término das hostilidades na Europa e mais uma vez necessitando quebrar um bloqueio postal na França, elas partiram rumo à cidade francesa Rouen onde se organizaram dentro das instalações do mosteiro local.

De acordo com o American Air Museum, Lena estudou design em Leicester, na Inglaterra. De volta aos Estados Unidos, passou a viver em Los Angeles ao lado do marido. Faleceu em Las Vegas, Nevada, em 18 de janeiro deste ano, aos 100 anos.

Felizmente, Tyler Perry, diretor do filme, conheceu Lena antes de seu falecimento. "Sentamos na casa dela [Lena] por algumas horas apenas conversando, tendo uma ótima conversa", explicou Perry, conforme repercutido pelo Tudum, da Netflix. "E quando saí de lá, eu tinha um filme inteiro em mente que queria escrever para ela".

Antes do óbito, Perry conseguiu mostrar a King uma versão incompleta do longa-metragem.