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Matérias / Multiverso

As teorias por trás de ‘Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo’

Vencedor de sete prêmios no Oscar, ‘Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo’ se baseia em duas teorias para explicar o multiverso

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
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Publicado em 14/03/2023, às 18h00 - Atualizado em 16/03/2023, às 18h34

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Cena de 'Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo' - Divulgação/Diamond Filmes
Cena de 'Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo' - Divulgação/Diamond Filmes

'Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo' foi o grande destaque da 95ª edição do Oscar, realizada no último domingo, 12. Ao todo, o longa foi vencedor se sete estatuetas: melhor filme, direção, roteiro original, atriz, ator coadjuvante, atriz coadjuvante e montagem.

Em seu enredo, a trama combina duas teorias apoiadas por físicos para tratar sobre o multiverso. A história se concentra na personagem de Evelyn Wang (Michelle Yeoh), que precisa se conectar com versões do universo paralelo de si mesma para impedir que um ser poderoso destrua o multiverso. 

O multiverso, por sua vez, é uma teoria de que nosso universo pode não ser o único, existindo um número infinito de universos paralelos que contêm versões infinitas de nós mesmos. 

+ Afinal, o que é Multiverso?

Para desenvolver 'Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo'Daniel Kwan e Daniel Scheinert se baseiam na interpretação de diversos mundos e na teoria da bolha cósmica.

Segundo o Daily Mail, o primeiro sugere que o quando você toma uma decisão, o universo se divide em dois, e a cada novo ato, outras ramificações vão se criando. A segunda remonta a formação do universo, durante o Big Bang, há 13,8 bilhões de anos

Em entrevista ao The New York Times, os diretores do filme, os Daniels, como a dupla se autodenomina, explicaram como o longa combina essas duas teorias do multiverso. “É divertido imaginar ambas as versões”, disse Kwan

Ambos estão apontando para o infinito ou apenas apontando para o desconhecido”, continuou.

As teorias

A interpretação de que existem muitos mundos apoia a ideia de que existam múltiplas versões de nós mesmo, algo debatido em diversos centros de pesquisa, como a Universidade de Oxford e o MIT, cita o Daily Mail. 

Esse conceito foi criado no final da década de 1950 por Hugh Everett, que o apresentou em sua tese de doutorado. Essa interpretação propõe que cada evento pode ter mais de um resultado, fazendo com que a realidade se fragmente e se ramifique para criar novos universos onde eventos alternativos acontecem.

Ao The Washington Post, Max Tegmark, físico do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, explicou esse conceito: "Eu realmente tento pensar (quando recebo uma multa de estacionamento): 'Ei, há outra versão de um universo paralelo onde eu não seja multado', para que eu possa me sentir um pouco melhor. Mas também penso que há outra versão em que meu carro foi rebocado."

Cena de 'Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo'/ Crédito: Divulgação/Diamond Filmes

Já a teoria da bolha cósmica sugere que, uma vez que o universo se expandiu a uma velocidade extraordinária após o Big Bang, ele criou flutuações quânticas que causaram universos-bolha separados que se desenvolveram ao seu próprio modo

Ainda ao NYT, os Daniel disseram que 'Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo' se trata menos sobre a física e mais de como o conceito faz você se sentir. “Se você pudesse ver vidas alternativas, isso seria — isso o levaria a uma espiral”, disse Scheinert

Isso faria qualquer um de nós entrar em espiral sobre, tipo, vidas que você poderia ter levado e escolhas que poderia ter feito”, aponta. 

O enredo

'Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo' se concentra na vida de Evelyn, uma imigrante chinesa de meia-idade dona de uma lavanderia que está enfrentando problemas com a Receita Federal. Tudo isso enquanto ela lida com um casamento já lidado ao fracasso e o drama de sua filha em ser aceita por ser LGBTQIA+

Ela e seu marido, Waymond (interpretado por Ke Huy Quan, que ganhou o Oscar de Ator Coadjuvante), vão a um prédio da Receita para discutir o assunto. Enquanto estava lá, Waymond é controlado por uma versão de si mesmo de outro mundo: o alfa-verso. 

O alfa-verso foi o primeiro a desenvolver tecnologia para rastrear a direção dos outros universos e a capacidade de explorar as diferentes partes do multiverso mentalmente. Assim, o alfa-Waymond dá a Evelyn um dispositivo para conectá-la às Evelyns de outras realidades. 

Cena de 'Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo'/ Crédito: Divulgação/Diamond Filmes

Essa tal habilidade de 'pular' para outros mundos foi apresentada Burt Goldman, um autoproclamado mestre espiritual e curador de energia — que criou isso como uma técnica de autoajuda, acreditando que as pessoas podem mudar sua consciência para acessar ‘outras realidades’ e mudar suas vidas.

Já a física Cynthia Sue Larson, autora de 'Quantum Jumps: An Extraordinary Science of Happiness and Prosperity’, propõe uma ideia semelhante que coincide com sua teoria de 'mudança de paradigma' de que existimos em um multiverso holográfico interconectado.

Muitos cientistas resistiram ao conceito de universos infinitos porque ninguém encontrou uma maneira de medir ou comprovar tal ideia. Algo também debatido por Geraint Lewis, professor de Astrofísica na Universidade de Sydney, Austrália e autor de 'Where Did the Universe Come From? And Other Cosmic Questions’

Em entrevista à Forbes, ele declarou: "Uma vez que tenhamos a matemática em mãos, teremos a chance de ver se podemos detectar a presença de outros universos... Atualmente não temos ideia de qual caminho estamos seguindo."