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Matérias / Máquina de Anticítera

Anticítera: Relembre o estudo que desvendou a máquina engimática

Estudo publicado em 2021, por pesquisadores do University College London, permitiu simular o dispositivo em sua integridade pela primeira vez

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
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Publicado em 07/11/2024, às 18h00

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Representação da Máquina de Anticítera - Divulgação/ University College London
Representação da Máquina de Anticítera - Divulgação/ University College London

Em 1901, um grupo de caçadores de esponjas marinhas tiveram que procurar abrigo na ilha grega de Anticítera, após serem acometidos por uma forte tempestade. Presos temporariamente no local, os mergulhadores decidiram explorar as águas da região. Foi então que encontraram algo surpreendente. 

A 42 metros de profundidade estava um navio romano naufragado. Entre mármore e bronze, os aventureiros encontraram fragmentos de um mecanismo que não resistiu a força do tempo e da corrosão — mas que mesmo assim ainda era muito valioso. 

Fragmento da máquina de Anticítera/ Crédito: Museu Arqueológico de Atenas

As 82 partes encontradas formavam o que hoje chamamos de Máquina de Anticítera — um dispositivo de bronze considerado o primeiro computador analógico da história, capaz de prever fenômenos astronômicos; datado entre 70 a.C. e 50 a.C. Em 2021, pesquisadores reconstruíram o mecanismo!

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Estudando o Anticítera

Antes da descoberta da Máquina de Anticítera, ninguém poderia imaginar que os gregos antigos possuíam um dispositivo tão avançado dessa forma, conforme aponta o matemático Tony Freeth, da Universidade de Cardiff, à BBC.

Se não tivessem descoberto a máquina, ninguém teria imaginado, ou nem mesmo acreditado, que algo assim existisse, pois é muito sofisticada".

Os estudos sobre a máquina começaram a ganhar mais força cerca de 50 anos depois de sua descoberta, quando o físico inglês Derek John de Solla Price analisou os 82 fragmentos da máquina. 

Já na década de 1970, Prince se juntou ao físico nuclear grego Charalampos Karakalos para submeter a Máquina de Anticítera a exames de raios-x e raios gama, que acabaram por revelar a complexidade de seu interior, formado por diversas rodas dentadas, que incluia 27 engrenagens — algo extremamente avançado para seu tempo. 

A função da máquina

Em 2021, pesquisadores do University College London publicaram um artigo no periódico especializado Scientific Reports propondo uma nova reconstituição da máquina. Afinal, os 82 fragmentos encontrados representam apenas cerca de um terço da Máquina de Anticítera.

Até então, os pesquisadores jamais souberam afirmam como realmente funcionava. O estudo permitiu, pela primeira vez, simular o dispositivo em sua integridade.  

Como já dito, a Máquina de Anticítera possui uma tecnologia extremamente avançada para sua época, visto que algo semelhante só foi inventado cerca de 1.500 anos depois: os relógios astronômicos mecânicos europeus. Para se ter uma ideia, as engrenagens em seu interior são extremamente semelhantes com as que encontramos em relógios de pêndulos modernos. 

Representação de engrenagens da Máquina de Anticícera / Crédito: Divulgação/UCL

Usando dados das pesquisas passadas, citadas anteriormente, os especialistas determinaram que a Máquina de Anticítera conseguia determinar os ciclos observáveis de movimentação de outros planetas, como Vênus e Saturno.  

Isso só foi possível graças a dois números que estavam inscritos na máquina: os anos de 462 e 442 que representam, respectivamente, os ciclos observáveis dos planetas citados. 

Usando isso como base, os pesquisadores usaram a matemática conhecida da época para fazer uma engenharia reversa no equipamento. O procedimento foi usado em outros planetas, o que permitiu tirar os dados do primeiro computador analógico da história e montá-lo de verdade. 

As análises mostraram que as engrenagens eram usadas para decodificar ciclos astronômicos, revoluções lunares ao redor da Terra e as fases da Lua — naquela época muito importantes para determinar momentos de plantio e colheita ou eventos religiosos.

"Este é um avanço teórico fundamental", disse Adam Wojcik, coautor do estudo, em comunicado. "Agora devemos provar que esse modelo é viável, reconstruindo-o na prática usando técnicas antigas".