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Matérias / Estados Unidos

A impressionante história de Alcides Moreno, que sobreviveu a uma queda de 47 andares

Alcides trabalhava como limpador de janelas ao lado de seu irmão mais novo, até que um dia um problema nos cabos de sustentação mudou sua vida para sempre

Ingredi Brunato Publicado em 02/11/2020, às 09h00

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Imagem meramente ilustrativa de um prédio - Imagem de MichaelGaida por Pixabay
Imagem meramente ilustrativa de um prédio - Imagem de MichaelGaida por Pixabay

7 de dezembro de 2007 deveria ser apenas mais um dia de trabalho para Alcides Moreno. O limpador de janelas se dirigiu até o edifício Solow Tower, onde, ao lado de seu irmão mais novo, Edgar, realizaria a limpeza da fachada de vidro. Porém, nem ele, nem seu irmão, chegaram a limpar as janelas do Solow Tower naquele dia - ou em qualquer outro momento depois disso. 

Isso porque nessa manhã de dezembro eles foram envolvidos em um acidente chocante: os cabos da plataforma suspensa utilizada no serviço deles se soltaram, lançando seus corpos para uma violenta queda de 47 andares, em que as chances de sobrevivência são extremamente improváveis.

Para se ter uma ideia, quedas de três andares já matam metade dos infortunados que passam por uma. 

Fotografia do prédio do qual Alcides caiu / Crédito: Divulgação 

Um milagre?

De forma inexplicável, Alcides continuou vivo após o impacto. Ele foi encontrado pelos bombeiros ainda respirando, a despeito das inúmeras fraturas e lesões gravíssimas. 

Seu irmão, infelizmente, não teve a mesma sorte. Edgar havia caído da plataforma antes, pois estava na lateral onde os cabos se soltaram primeiro, e teria alcançado uma velocidade de 200 km/h a caminho do chão. 

Já o irmão mais velho foi encontrado pela equipe de bombeiros e paramédicos em um ninho de metal retorcido, sua mão ainda agarrada ao controle da plataforma. Segundo Alcides contou à BBC em 2017, ele teria sido movido dali como se fosse uma casca de ovo, porque seus ossos quebrados poderiam perfurar algum órgão caso ocorressem movimentos bruscos. 

Milagre?

O limpador de janelas precisou ser submetido a inúmeras operações para tratar as sequelas da queda, que lesionou sua coluna, tórax, abdômen e até o cérebro. Esse último, inclusive, necessitou que um cateter fosse inserido nele para que ocorresse a redução do inchaço cerebral causado pelo impacto. 

Alcides Moreno /Crédito - Divulgação

Segundo o presidente do hospital em Nova York onde o trabalhador foi internado, sua sobrevivência era “um milagre”. Um dos bombeiros que fez o resgate, Glenn Asaeda, também chamou o caso de “intervenção divina”. 

Explicação 

Um dos motivos pelo qual o acidente foi tão drástico para os dois limpadores de janelas é porque eles não estavam usando o equipamento de segurança, como os coletes e cabos extras. 

Todavia, no momento que a plataforma se soltou, os irmãos também não estavam com o material de limpeza, tendo deixado o balde de água quente e sabão ainda no telhado do prédio, de forma que concluiu-se que eles pretendiam voltar para buscar tudo antes de começar o trabalho de fato. Foi nesse pequeno momento de deslize, dando chance ao azar, que eles acabaram dentro do pior cenário possível. 

Evidentemente, também, os cabos motorizados da plataforma não deveriam ter se soltado, a investigação do caso determinou que havia ocorrido uma negligência na manutenção deles. 

Luto

Assim que Alcides acordou, ele notou a ausência de seu irmão. Havia passado três semanas inconsciente, e apesar da confusão mental, entendeu rapidamente que Edgar não estava mais entre os vivos. 

"Perdê-lo foi horrível. Morávamos em Nova Jersey e estávamos sempre juntos. Ele trabalhava comigo e morreu trabalhando comigo", contou ele, dizendo também que passou os três anos seguintes extremamente melancólico. “Foi o tempo que levei para me recuperar e aceitar sua morte. Foi como perder um filho, porque ele era mais novo do que eu", explicou Moreno. 

Sequelas

Outra consequência definitiva da queda foi que Alcides não pôde mais trabalhar, impedido por um atestado médico vitalício. "Tenho cicatrizes pelo corpo e, por causa da coluna não posso correr, só caminhar. Quando pergunto alguma coisa, não termino a frase. Há outras coisas que não faço bem. Deve ser consequência do acidente", contou ele. 

Porém, apesar da experiência traumática em serviço, ele ainda limparia janelas se pudesse: “Amo ver as janelas bem limpas. Adorava fazer isso", afirmou. Em 2017, quando deu entrevista à BBC, Alcides tinha acabado de assistir ao nascimento do quarto filho, e acreditava que o acidente o tinha feito reconhecer o quão importante era sua família.