A ex-primeira-dama teve sua intimidade vazada para o mundo em um caso de pornografia de vingança
Em fevereiro de 1973, a Screw, uma revista pornográfica norte-americana de público masculino e heterossexual, lançou aquela que seria sua mais vendida edição: na capa, estavam em letras garrafais amarelas as palavras "Jackie Kennedy nua!".
Uma década antes, a ex-primeira-dama dos Estados Unidos havia visto seu marido, o presidente John F. Kennedy, ser assassinado em frente aos seus olhos, se tornando uma mártir imediata cujo sofrimento pessoal se misturava ao luto nacional pela perda da figura.
Já na época que as fotografias de seu corpo nu foram vazadas ao público, ela vivia seu segundo casamento, agora com o magnata grego-argentino Aristoteles Onassis, que era uma das personalidades mais ricas e famosas da época. Ele acumulou a fortuna na Marinha Mercante, que é o ramo civil do órgão das Forças Armadas estadunidenses.
No interior do fatídico exemplar da Screw, era possível ver aquela que fora outrora conhecida como "viúva da América" tendo sua privacidade invadida enquanto aproveitava suas férias de verão em uma ilha particular do marido, a Skorpios, situada na Grécia.
Kennedy, então aos 43 anos, foi fotografada pelos paparazzi enquanto tomava banho de sol sem roupa, pensando ter privacidade. A revista acabou vendendo mais de meio milhão de cópias, com as 144 mil primeiras sendo compradas apenas na primeira semana.
Conforme informado pela Folha de São Paulo, uma das imagens publicadas (no qual é visível a virilha da mulher) foi legendada como "Jackie Kennedy's Billion-Dollar Bush" ("Ou "O 'Arbusto' de Um Bilhão de Dólares de Jackie Kennedy"), fazendo referência aos pelos pubianos da norte-americana em um trocadilhodepreciativo que também referencia o patrimônio de seu segundo marido.
Segundo acredita Christopher Andersen, jornalista estadunidense que escreveu o livro "O bom filho: JFK Jr. e a mãe que ele amava", quem orquestrou a invasão da privacidade de Jackie foi seu próprio parceiro, Aristoteles Onassis, que estaria frustrado por ser desprezado pela mulher em seu casamento.
O evento, portanto, teria constituído um dos primeiros e mais notórios casos de pornografia de vingança da História. De acordo com Andersen, o magnata queria zombar da esposa e humilhá-la frente à nação.
Para tanto, ele teria entrado em contato com a imprensa e dado dicas a respeito de quais dias e horários Jackie poderia ser vista na ilha. Um dos paparazzi que a fotografou naquela ocasião, aliás, que se chamava Settimio Garritano, revelou mais tarde que recebeu as informações privilegiadas de um funcionário da Olympic Airways, uma empresa que pertencia a Onassis.
Garritano também contou que o filho do empresário, Alexander, não apenas sabia sobre as imagens, como incentivou sua divulgação, uma vez que não simpatizava com a esposa do pai.
Eu mencionei a ele que havia algumas fotos de Jackie nua. Ele me disse: 'Quero que sejam publicadas!'. Ele não gostava de Jackie, nem de sua irmã Christina. Ele me explicou que, se fossem publicados, Ari ficaria furioso e, com sorte, se livraria de sua nova esposa", afirmou o paparazzi, ainda de acordo com a Folha de São Paulo.
A edição da Screw provocou rebuliço nos Estados Unidos, e o casamento de Jackie com Aristoteles claramente entrava em sua reta final.
Esse fim de matrimônio, aliás, também acabou sendo marcada por outro acontecimento importante: a morte de Alexander em um trágico acidente de avião. O magnata, vale mencionar, culpou a esposa pelo evento. Supersticioso, ele acreditava que a presença da mulher em sua vida havia atraído a desgraça.
O homem, todavia, acabou morrendo em 1975, cerca de dois anos mais tarde, devido às complicações de uma cirurgia para tratar pneumonia. Já Jackie Kennedy, que acabou herdando a fortuna dele pelo fato de os dois não terem assinado o divórcio na época do falecimento de Onassis, teve um terceiro casamento, que durou até sua morte, em 1994, aos 64 anos.