O primeiro arranha-céu de São Paulo possui uma história cheia de reviravoltas, e, em breve, terá seu terraço reformado para visitação
Localizado no número 405 da Rua São Bento, no centro histórico da cidade de São Paulo, o Edifício Martinelli foi nada menos que o primeiro arranha-céu paulistano. Antes dele, acredite se quiser, a maioria dos prédios da região tinha no máximo cinco andares. Assim, do topo de seus 28 pisos, o Martinelli possuía uma imponência sem igual contra o céu daquela São Paulo muito diferente da atual.
O edifício foi idealizado por um imigrante italiano,o conde Giuseppe Martinelli, que acumulou uma fortuna respeitável ao longo de sua vida em solo brasileiro. O prédio teve sua construção iniciada ainda em 1924, porém apenas ficou pronto em 1935.
Uma curiosidade aqui é que, segundo informado site oficial do prédio, ele, na verdade, começou a funcionar antes de ser finalizado. Durante sua inauguração em 1929, o Martinelli tinha ainda 12 andares.
De acordo com a Casa Vogue, as obras encomendadas por Giuseppe Martinelli eram vistas com desconfiança pela população da época, que pensava que a construção cairia a qualquer momento.
Para provar a segurança, o próprio conde se mudou para o arranha-céu, se assentando no topo do edifício, onde foi construído um luxuoso palacete para acomodar não só ele, mas também a sua família.
Hoje, o Edifício Martinelli pertence à Prefeitura de São Paulo, e não aos descendentes de seu criador. Como isso aconteceu? A construção pertenceu a Giuseppe Martinelli até 1934 (ou seja, um ano antes do prédio sequer ficar pronto).
No período, o empresário se encontrava endividado como resultado da crise econômica de 29, quando ocorreu a famosa quebra da bolsa de valores de Nova York. Assim, após não conseguir quitar o empréstimo que havia pedido ao governo italiano para financiar a iniciativa, se obrigou a passar as rédeas do projeto para as autoridades do outro país.
O edifício apenas chegou às mãos do Estado brasileiro durante a Segunda Guerra Mundial, quando os bens pertencentes a italianos (que eram parte da aliança militar inimiga) foram desapropriados.
A fama de mal-assombrado do Edifício Martinelli remonta aos anos 50, quando a construção ficou abandonada e acabou se tornando palco de atividades ilegais, como tráfico de drogas e prostituição.
Além disso, pelo menos dois assassinatos chocantes já ocorreram entre as paredes do arranha-céu histórico: Davidson, um menino, foi morto e teve seu corpo abandonado no poço do elevador do prédio, e uma jovem chamada Márcia Tereza foi estuprada e assassinada por um grupo de cinco homens.
Em fevereiro deste ano, o Grupo Tokyo, dono de baladas como "Alto" e a "Tokyo" em si, fechou um contrato com o governo brasileiro para explorar comercialmente uma parte do edifício (equivalente a 2.570 metros quadrados) durante os próximos 15 anos.
Para tanto, o plano é que sejam construídos café, restaurante, loja de suvenires, museu e observatório no arranha-céu.
Junior Passini, do Grupo Tokyo, revelou os desafios da iniciativa: "A obra de restauro vai levar de seis meses a um ano, no mínimo. A rota vai sendo corrigida e adaptada", explicou.
Por outro lado, o fechamento do acordo de 50 milhões de reais também veio com grandes vantagens:
É a melhor vista de São Paulo, a única tão alta e com 360 graus de visão, você tem liberdade e vai a todos os lados", comentou ele a respeito do terraço do Edifício Martinelli.