Renomado arqueólogo egípcio pede a devolução da icônica escultura, alegando extração ilegal e busca por justiça histórica
Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 30/10/2024, às 15h07 - Atualizado às 15h40
Em uma nova frente na batalha pela repatriação de tesouros históricos, o arqueólogo e ex-ministro de Antiguidades do Egito egípcio Zahi Hawass lançou uma petição exigindo a devolução do busto da rainha Nefertiti, atualmente exposto no Neues Museum de Berlim. A iniciativa, iniciada em 7 de setembro, marca mais um capítulo na longa campanha de Hawass para trazer de volta ao Egito artefatos que, segundo ele, foram extraídos ilegalmente do país.
O busto de Nefertiti, um dos mais belos do mundo, é um dos artefatos mais cobiçados. A rainha, que governou o Egito ao lado de seu marido Akhenaton, é uma figura central na história do antigo Egito. A descoberta do busto em 1912 por uma missão arqueológica alemã, liderada por Ludwig Borchardt, gerou uma disputa que persiste até os dias de hoje.
A Alemanha argumenta que a aquisição do busto foi feita de forma legal, com o consentimento das autoridades egípcias. No entanto, a egiptóloga Monica Hanna contesta essa afirmação, alegando que Borchardt enganou as autoridades egípcias ao subestimar a importância do artefato em seus relatórios e utilizar documentação fraudulenta.
Hawass, em sua petição, ressalta a importância histórica e cultural do busto para o Egito e critica o fato de ele permanecer em um museu estrangeiro. O arqueólogo argumenta que a presença contínua de artefatos egípcios em museus ocidentais é um legado do colonialismo e que é fundamental restituir esses bens culturais a seu país de origem.
"Por anos, o Egito foi privado de muitos de seus artefatos egípcios antigos mais significativos – um dos quais é o busto [de Nefertiti], que nunca deixou de reunir inúmeros visitantes ao famoso museu Neues de Berlim. Apesar de muitos apelos ignorados por um diálogo significativo, bem como pedidos de reconhecimento de como esse artefato único acabou na Alemanha, esta petição de hoje tem o objetivo de reacender essa conversa", disse Zahi em sua petição.
Segundo o 'Egyptian Streets', a campanha do arqueólogo pela repatriação de artefatos egípcios ganhou força nos últimos anos, com o apoio de diversas autoridades egípcias. No entanto, a Alemanha e outros países que possuem grandes coleções de artefatos egípcios têm sido resistentes a devolver esses objetos, alegando a importância de preservá-los em instituições com recursos adequados para sua conservação e estudo.