Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Notícias / Brasil

Confira o destino do manto Tupinambá que retornou ao Brasil depois de 20 anos

Surpresa e frustração marcaram a recepção do Manto Tupinambá no Brasil após 20 anos de espera; líderes indígenas exigem que a peça seja entregue ao seu povo

Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Éric Moreira Publicado em 18/07/2024, às 16h56 - Atualizado às 17h12

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Manto Tupinambá que estava na Dinamarca - Divulgação/Museu Nacional da Dinamarca
Manto Tupinambá que estava na Dinamarca - Divulgação/Museu Nacional da Dinamarca

A chegada do Manto Tupinambá ao Brasil, após mais de 300 anos na Dinamarca, pegou de surpresa o povo indígena Tupinambá, que há mais de duas décadas aguardava a devolução da peça histórica. Doada pelo Museu Nacional da Dinamarca, ela está agora no Museu Nacional do Rio de Janeiro, que se recupera após o trágico incêndio de 2018. Contudo, a devolução trouxe tanto alegria quanto frustração, pois líderes indígenas não foram incluídos na cerimônia de apresentação à imprensa.

Líder dos Tupinambás de Olivença, na Bahia, a cacique Jamopoty expressou a importância da devolução do manto, que possui valor religioso e cultural inestimável para seu povo. Para ela, o manto simboliza a força e a identidade dos Tupinambás, e por isso, ela defende que a peça deveria ser entregue diretamente aos indígenas, permitindo que ela retornasse ao seu lugar de origem e importância espiritual.

No entanto, o diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, afirmou que o manto não será levado para a aldeia Tupinambá. Ele explicou que há um compromisso formal do Estado brasileiro garantindo que o exemplar permaneça no Museu Nacional como destino da doação. Segundo ele, a questão não é onde o manto está fisicamente, mas sim o acesso que as pessoas têm a ele.

Confeccionado com penas vermelhas de ave guará, o manto tem um valor histórico e cultural profundo. Após séculos na Dinamarca, a peça foi exibida brevemente no Brasil durante as celebrações dos 500 anos da chegada dos portugueses em 2000, antes de retornar à Europa. A devolução do manto é parte de um esforço mais amplo do governo brasileiro para repatriar artefatos indígenas que estão dispersos principalmente pela Europa.

Mais peças

Na semana passada, cerca de 590 peças indígenas retornaram ao Brasil do Museu de História Natural de Lille, na França. Segundo a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), essas peças são originárias de mais de 40 povos diferentes. Esse movimento de repatriação reflete um esforço contínuo de reconhecimento e valorização da cultura e história dos povos indígenas brasileiros.

Segundo a 'Agência Brasil', apesar do retorno do Manto Tupinambá, outros dez mantos semelhantes ainda permanecem expatriados em museus europeus. Quatro desses estão no próprio Museu Nacional da Dinamarca, segundo a pesquisadora Amy Buono, da Universidade de Chapman.