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Notícias / Mundo

Veja os relatos de mulheres que mendigaram e foram presas pelo Talibã

Mulheres e crianças são as principais vítimas das novas leis anti-mendicância, que as levam a condições de extrema vulnerabilidade e violência

Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 29/11/2024, às 20h00

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Imagem ilustrativa de uma mulher muçulmana - Getty Images
Imagem ilustrativa de uma mulher muçulmana - Getty Images

Mulheres afegãs passaram a relatar casos de estupro, tortura e morte em prisões. As denúncias se concentram nas novas leis anti-mendicância, que criminalizam a prática e submetem os mais vulneráveis a condições desumanas.

Desde a tomada do poder pelo Talibã em 2021, as mulheres afegãs enfrentam uma série de restrições, incluindo a proibição de trabalhar em diversos setores. Essa medida, combinada com a crise econômica, levou muitas famílias à pobreza e à necessidade de mendigar para sobreviver.

No entanto, a nova legislação, que classifica os mendigos em categorias e exige o registro biométrico, tem sido utilizada para prender e torturar aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade, repercute o The Guardian.

Relatos

De acordo com os relatos, as mulheres presas são submetidas a trabalhos forçados, espancamentos e, em alguns casos, estupro. Crianças também são vítimas dessas práticas, com relatos de espancamentos e até mesmo mortes dentro das prisões. A ausência de leis de proteção e a impunidade incentivam a violência contra essas mulheres e crianças, que se encontram à mercê de um sistema que as marginaliza e as desumaniza.

Uma das mulheres relatou ao The Guardian: "Fui até o vereador do bairro e disse a ele que era viúva, pedindo ajuda para alimentar meus três filhos. Ele disse que não havia ajuda e me disse para sentar perto da padaria [e] talvez alguém me desse alguma coisa".

"Um carro do Talibã parou perto da padaria. Eles levaram meu filho à força e me disseram para entrar no veículo", continuou.

Outra mulher, detida em outubro, disse ao 'The Guardian': "Eles trouxeram todo mundo, até crianças pequenas que engraxavam sapatos nas ruas. Eles diziam para nós, mulheres, porque não nos casamos, nos batiam e nos faziam limpar e lavar pratos".

Ela ainda comentou que eram obrigadas a ver a morte de crianças: "Ninguém ousava falar. Se falássemos, eles nos espancariam e nos chamariam de sem-vergonha. Ver aquelas crianças morrerem diante dos meus olhos é algo que nunca esquecerei", finalizou.

Após ser liberta, ela relatou que vive com medo de mendigar: "Hoje em dia, vou de porta em porta no meu bairro, coletando pão velho e seco. Não tenho outra escolha".

Segundo o veículo, as denúncias revelam um cenário de terror e desespero, onde as mulheres afegãs são privadas de seus direitos básicos e submetidas a uma violência sistemática.