Em 26 de abril de 1986, ocorreu na usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia Soviética, o maior acidente nuclear da história
Há quase 40 anos, o mundo presenciou o que viria a ser conhecido como "o maior acidente nuclear da História": o desastre de Chernobyl. E desde o fatídico dia 26 de abril de 1986, uma área de 155 mil km² de onde hoje é o norte da Ucrânia — na época, componente da União Soviética — seguiu-se praticamente inabitável, devido às altas taxas de radiação.
No entanto, recentemente foi anunciado pela empresa de energia alemã NOTUS que a Ucrânia, em parceria com a Alemanha, planeja transformar as ruínas de Chernobyl em um parque eólico gigante. Em parceria ao governo ucraniano e da operadora de energia de Ukrenergo, a NOTUS assinou, em setembro, uma declaração conjunta em prol do desenvolvimento de uma "fazenda eólica" na zona de exclusão da cidade.
Segundo a Revista Galileu, os assinantes concordam, com a declaração, em examinar a implementação do projeto, o que inclui averiguação de infraestrutura, identificação de áreas adequadas com base em medidas de radiação, e ainda uma avaliação de impacto ambiental. Vale pontuar que dados da NOTUS sugerem que a área pode fornecer energia suficiente para abastecer, de maneira segura e ecológica, 800 mil residências em Kiev e região.
"Nosso projeto na Região Administrativa Especial de Chernobyl é de importância excepcional em vários aspectos", pontua o Diretor-Geral da NOTUS Energy Ukraine LLC.
"Um parque eólico dessa magnitude contribuiria significativamente para a expansão das energias renováveis na Ucrânia e fortaleceria a independência e a descentralização do abastecimento de energia ucraniano", continua.
Em setembro, Annalena Baerbock, Ministra das Relações Exteriores da Alemanha, realizou uma visita à Ucrânia que tinha como um dos objetivos analisar "as medidas que estão sendo tomadas pelos ucranianos para garantir e proteger o abastecimento da população", especialmente durante o inverno — que ocorre entre novembro e março —, em meio à guerra contra a Rússia.
"Nos últimos meses, a Rússia tem repetida e deliberadamente atacado a infraestrutura da Ucrânia; drones e mísseis russos, em particular, destruíram sistemas de eletricidade, aquecimento e água. No inverno passado, houve mais de 1500 ataques à infraestrutura energética do país", contextualiza a NOTUS.
Na reunião, ela anunciou ainda que a Alemanha e a Ucrânia planejam trabalhar mais próximas em avanço a uma transição para energia renovável, enfatizando a importância do projeto de uma "fazenda eólica" em Chernobyl. Assim, em meio à guerra, a Ucrânia também pretende manter uma economia forte, o que seria apoiado pela Alemanha com a iniciativa em questão.
Ainda é destacado pela NOTUS que o projeto é importante pois, como a região de Chernobyl fica a somente 130 km da capital ucraniana, Kiev, a eletricidade poderia ser entregue diretamente à região metropolitana.
"No meio da guerra de agressão russa contra a Ucrânia, a área afetada pelo acidente nuclear ocorrido quase 40 anos atrás pode se tornar um símbolo de energia limpa e amiga do clima, fornecendo eletricidade verde para Kiev", conclui.