Mais lidas: “Se Gustave Eiffel visitasse o local, teria um ataque cardíaco”, alegou gerente do monumento
A icônica Torre Eiffel, cuja construção foi concluída em 1889, está precisando passar por reformas porque apresenta mau estado e muita ferrugem, revelaram relatórios vazados para a revista francesa Marianne.
Em vez de passar por um reparo completo, como recomendam especialistas, o monumento está recebendo uma reforma “cosmética” para os Jogos Olímpicos de 2024 em Paris, ao passar pela sua 20º repintura, que está custando cerca de € 60 milhões.
“Se Gustave Eiffel visitasse o local, teria um ataque cardíaco”, afirmou um gerente não identificado da Torre Eiffel à revista.
Um dos especialistas ouvidos pela publicação afirmou que a obra funcionará somente como um “facelift” cosmético, prevendo um resultado “lamentável” à torre. O certo seria desmontar completamente o monumento, repará-lo e repintá-lo novamente, afirmou.
Ainda de acordo com os relatórios vazados, pintar sobre a tinta vermelha — que vem sendo repintada desde que a estrutura foi erguida 1889, quando uma tinta vermelha à base de chumbo, agora proibida, foi aplicada — está piorando o processo de corrosão que já vem sendo observado na torre.
Como reportou o jornal britânico The Guardian, na época em que projetou e construiu a famosa Torre Eiffel, o engenheiro civil Gustave Eiffel sugeriu que o monumento precisaria ser repintado a cada sete anos.
“A tinta é o ingrediente essencial para proteger uma estrutura metálica e o cuidado com que isso é feito é a única garantia de sua longevidade”, escreveu na época. “O mais importante é evitar o início da ferrugem”, acrescentou.
Um relatório de 2010 sobre o estado da torre afirmou: “Sete [empresa responsável pela manutenção da torre, majoritariamente propriedade da prefeitura] deve dar outra olhada na Torre Eiffel e apresentar uma política de manutenção completamente nova centrada no teste da estrutura metálica envelhecida”.
Já outro relatório de 2014 da Expiris, empresa especializada em pintura, destacou a presença de rachaduras e ferrugem na estrutura: “Mesmo que o estado geral da proteção anticorrosiva pareça bom aos olhos, isso pode ser enganoso. Não é viável prever a aplicação de uma nova demão de tinta que só pode aumentar o risco de uma total falta de adesão.”
“Trabalho na torre há vários anos. Em 2014, considerei que havia uma extrema urgência em lidar com a corrosão”, disse o autor do documento, Bernard Giovannoni, chefe da Expiris, afirmou à revista Marianne, acrescentando que o monumento deveria ser “desmontado e repintado”.
Dois anos depois, um terceiro relatório revelou 884 falhas na torre, incluindo 68 que representavam riscos para a “durabilidade” da estrutura, que foram fotografadas e documentadas com seu grau de perigo.
Para outro especialista ouvido pela revista, ainda que as camadas originais de tinta sejam sólidas “e continuem a proteger o metal em muitos lugares”, a repintura que está acontecendo agora não resolve o alto nível de chumbo e ferrugem, além de poder piorar o estado da torre.
“Na melhor das hipóteses, será praticamente inútil, mas, na pior das hipóteses, piorará os defeitos na camada de tinta existente e resultará em corrosão”, afirmou.
Segundo o jornal britânico, a Sete se recusa a fechar o monumento por longos períodos em decorrência da receita turística proporcionada pela Torre Eiffel, que seria perdida durante o período de reformas.