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Notícias / Arqueologia

Tábua mesopotâmica é decifrada após um século e revela presságio: 'Um rei morrerá'

Encontrada já mais de 100 anos no atual Iraque, tábua cuneiforme só foi traduzida agora, e revelou crença de que eclipses lunares seriam indícios de maus agouros

Éric Moreira
por Éric Moreira

Publicado em 07/08/2024, às 10h41 - Atualizado às 14h07

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Tábua cuneiforme mesopotâmica descoberta no Iraque - Divulgação/The Trustees of the British Museum
Tábua cuneiforme mesopotâmica descoberta no Iraque - Divulgação/The Trustees of the British Museum

Descobertas há mais de 100 anos no atual território do Iraque, tábuas cuneiformes de 4 mil anos dos antigos mesopotâmicos foram finalmente decifradas por pesquisadores. Segundo o novo artigo, publicado no Journal of Cuneiform Studies, as tábuas descrevem como eclipses lunares poderiam ser, para aquele antigo povo, presságios de morte, destruição e pestilência.

Segundo descrito no artigo por Andrew George, professor emérito de Babilônia na Universidade de Londres, e Junko Taniguchi, uma pesquisadora independente com quem colaborou para as novas descobertas, as quatro tábuas de argila são "os exemplos mais antigos de compêndios de presságios de eclipses lunares já descobertos".

Conforme repercute o Live Science, os autores originais das tabuinhas teriam baseado-se na hora da noite, no movimento das sombras e nas datas e durações dos eclipses para fazer presságios. Vale mencionar que era comum na Babilônia e em várias outras partes da Mesopotâmia a crença de que eventos celestes poderiam nos revelar mais sobre o futuro.

Em um dos presságios traduzidos, é possível entender que quando "um eclipse se torna obscurecido de seu centro de uma só vez [e] claro de uma só vez: um rei morrerá, destruição de Elam". Elam, vale mencionar, é uma área da antiga Mesopotâmia localizada onde hoje é o Irã.

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Já outro fragmento pontua que se "um eclipse começa no sul e então clareia: queda de Subartu e Akkad", ambas regiões da Mesopotâmia. "Um eclipse na vigília da noite: significa pestilência", acrescentam as tábuas cuneiformes.

Os pesquisadores ainda pontuam no artigo que, possivelmente, os antigos estudiosos dos astros se baseassem em experiências passadas para colaborar com a definição de presságios para eclipses. "As origens de alguns dos presságios podem ter residido na experiência real — observação de presságio seguido de catástrofe", afirma Andrew George ao Live Science.

Porém, a maioria destes presságios possivelmente eram apontados após um sistema teórico que conectava as características de um eclipse a outros presságios anteriores.

Tábua cuneiforme mesopotâmica com maus presságios (horizontalmente) / Crédito: Divulgação/The Trustees of the British Museum

Crença nos astros

Na antiga Babilônia e Mesopotâmia, era comum que as pessoas acreditassem que "os eventos no céu eram sinais codificados colocados lá pelos deuses como avisos sobre as perspectivas futuras daqueles na terra", explicam George e Taniguchi. "Aqueles que aconselhavam o rei, vigiavam o céu noturno e comparavam suas observações com o corpus acadêmico de textos de presságios celestiais".

Porém, é importante acrescentar que os reis mesopotâmicos não apenas confiavam nos presságios, como também acreditavam que eles poderiam ser alterados. "Se a previsão associada a um determinado presságio fosse ameaçadora, por exemplo, 'um rei morrerá', então uma investigação oracular por extispício [inspeção das entranhas dos animais] era conduzida para determinar se o rei estava em perigo real", pontuam os pesquisadores.

Após a investigação por extispício, caso as entranhas dos animais sugerissem que o rei estava, de fato, em perigo, certos rituais poderiam ser feitos para anular o mau presságio. Portanto, mesmo que essas previsões fossem razão para preocupação, ainda havia o que fazer para que elas fossem evitadas — e também justificaria qualquer falha nas crenças.