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Notícias / Arquivo Nacional

Servidores do Arquivo Nacional atestam que chuva destruiu documentos de 400 anos

Fortes chuvas no Rio do último dia 7 teriam destruído arquivos da Família Real portuguesa, além de terem causado danos à estrutura do prédio

Éric Moreira sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 15/02/2023, às 08h17

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Fotografia de 2010 do prédio do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro - Foto por Leandro Neumann Ciuffo pelo Wikimedia Commons
Fotografia de 2010 do prédio do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro - Foto por Leandro Neumann Ciuffo pelo Wikimedia Commons

As fortes chuvas registradas na cidade do Rio de Janeiro na terça-feira da última semana causaram grandes danos não só à população, como também a um dos órgãos públicos mais importantes do país: o Arquivo Nacional. Não bastasse a suspensão do atendimento presencial devido a problemas com ar-condicionado, sete caixas com documentos históricos foram danificadas pela tempestade.

De acordo com servidores do órgão, antigos arquivos de mais de 400 anos da Família Real portuguesaficaram molhados e podem já ser irrecuperáveis. Esta informação, porém, diverge do que é alegado em nota divulgada pela administração do Arquivo Nacional, que negava a destruição de documentos, embora fossem danificados.

"São documentos muito antigos, anteriores a fundação do Arquivo Nacional, que é de 1838. São arquivos históricos da administração brasileira, com mais de 300, mais de 400 anos. Foram sete caixas molhadas, salas inundadas, janelas quebradas, servidores machucados. (...) A chuva foi na terça, na quarta isso estava um caos", descreve um servidor, de acordo com o g1.

A direção soltou uma nota dizendo que não houve dano e que os documentos foram recuperados. Só que isso é uma piada para qualquer pessoa que trabalha com arquivos. Esse tipo de documento não pode ser molhado assim. Ele pode ser recuperado, mas já foi danificado. A vida útil desse material foi muito prejudicada", acrescenta.

Negligência

Felipe Almeida, presidente da Associação dos Servidores do Arquivo Nacional, opina que a destruição de documentos não foi apenas uma fatalidade inevitável provocada pelas chuvas. Ele afirma que a própria direção do órgão público foi negligenciou uma série de problemas estruturais apontados anteriormente para o prédio.

Isso foi um reflexo da chuva, mas também é uma questão estrutural. A chuva só causou esse estrago por isso. O sétimo andar ficou impraticável. Junto a isso veio o problema da refrigeração. Na verdade, esse é um problema que vem desde dezembro. Tivemos muitos documentos antigos mofados e sem refrigeração a proliferação do mofo é ainda maior", explica.
Prédio do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro
Prédio do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro / Crédito: Foto por Agência Brasil pelo Wikimedia Commons

Felipe Almeida também alegou que um bloco inteiro da sede do órgão havia sido desativado recentemente devido a um problema com ar-condicionado, que destruiu uma ilha de edição e mantém suspenso o atendimento ao público. "Não temos nem previsão para resolver. Todo dia os servidores são liberados para o teletrabalho", finaliza.