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Notícias / Brasil

Salvador: Mulher critica colégio por uso de livro antirracista em aula de religião; leia o comunicado

O Colégio Antônio Vieira, em Salvador, foi alvo de crítica pela adoção de obras de autores negros e não católicos em seu currículo

Redação Publicado em 02/05/2024, às 18h22 - Atualizado em 09/06/2024, às 11h56

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O Colégio Antônio Vieira e o livro criticado pela mãe do aluno - Divulgação/Amazon e Divulgação/Colégio Antônio Vieira
O Colégio Antônio Vieira e o livro criticado pela mãe do aluno - Divulgação/Amazon e Divulgação/Colégio Antônio Vieira

O Colégio Antônio Vieira, localizado no bairro do Garcia, em Salvador, voltou a ser alvo de ataques por utilizar livros de autores negros e não católicos. Em suas redes sociais, uma internauta disse estar revoltada pelo uso do livro “Pequeno Manual Antirracista”, de Djamila Ribeiro, nas aulas de religião do 8º ano.

Na publicação, a mulher também levantou questões sobre a filiação da filósofa e pesquisadora ao candomblé. Ela disse que o uso da obra representa uma “imposição ideológica” e uma “doutrinação escancarada”. Além disso, a internauta declarou que o uso do nome do Padre Antônio Vieira pela escola é um “desrespeito a sua memória”.

Djamila Ribeiro é uma das principais defensoras dos direitos de negros e mulheres no Brasil, e em 2020, foi a autora mais vendida na Amazon, com seu livro “Pequeno Manual Antirracista” liderando o ranking de vendas. Nele, a autora aborda questões como negritude, branquitude, cultura, afetos e violência racial, esta última considerada crime desde 1989.

Reações

Conforme repercutido pela CNN Brasil, a crítica ao colégio foi amplamente comentada, até mesmo pela própria Djamila, que afirmou: “Parabenizo a escola por trabalhar para ampliar a conscientização dos alunos e alunas”.

Em seu comentário, a autora do livro também apontou que Salvador é a capital com o maior número de pessoas negras no país e acrescentou que a mãe do aluno “precisa estudar sobre o contexto social e racial do país”.

O Colégio Antônio Vieira é uma instituição de ordem religiosa e uma das mais tradicionais de Salvador. Em uma declaração enviada à CNN, a escola afirmou a importância de respeitar a diversidade cultural e religiosa do Brasil. Segundo o diretor-geral Sérgio Silveira, o livro foi selecionado por reforçar os valores cristãos.

É justo afirmar que o cristão, por sua vocação, é também convocado a ser antirracista, a sensibilizar-se e a engajar-se no combate e denúncia de todas as formas de racismo, tanto dentro do contexto eclesial quanto na sociedade em geral”, afirma Silveira em sua nota.

ATUALIZAÇÃO!

Em contato com o site Aventuras na História, Vanessa Moreira, comunicadora e parte da Associação Família Educadora, se identificou como autora da publicação. Em comunicado, ela destaca que não é mãe de um aluno do Colégio Antônio Vieira e negou que a publicação compreenda um 'ataque'. 

Confira o comunicado completo abaixo!

"Na realidade, a respondente sequer é mãe de aluno do Colégio Antônio Vieira, sendo comunicadora, apresentadora e militante no assunto doutrinação na educação.

Além disso, não se tratou de “ataque”, e sim de crítica. E a crítica se referiu, exclusivamente, à falta de pertinência do livro “Pequeno Manual Antirracista” à matéria de Ensino Religioso de uma instituição católica jesuíta.

Nenhum juízo de valor foi feito acerca do conteúdo do livro; apenas se opinou no sentido de sua impertinência em contexto específico: a aula de religião. Tanto que, se fosse, por exemplo, utilizado na aula de sociologia, nenhuma crítica seria feita.

É que o livro não tem como objeto o estudo da religião católica, como se imaginaria adequado em uma aula de religião, mas antes traduz um posicionamento ideológico sobre o racismo, propalado por uma autora cuja religião difere da tradição da instituição escolar.

A menção à religião da autora da obra – que é candomblecista –, aliás, não foi feita com objetivo outro senão o de reforçar a ausência de pertinência do livro na aula de religião - de um colégio católico.

O argumento nada tem a ver com intolerância religiosa, especialmente ao Candomblé; apenas se quis dizer que, além de se tratar de um livro sobre racismo (e não sobre religião católica), nem mesmo a autora da obra é católica – pois, caso fosse, poder-se-ia falar, eventualmente, em estudo do racismo sob a perspectiva católica. Eis o que se quis dizer.

Deste modo, não houve qualquer ataque ao Colégio ou à autora do livro."