A inquietante mudança nas feições do animal chamou atenção e revelou um fato que, até então, era desconhecido por pesquisadores e estudiosos
Em um processo de restauração da obra Retábulo de Gante, de Jan van Eyck, Hubert van Eyck, um elemento da pintura chamou atenção dos pesquisadores no fim do processo. No centro da imagem, o que deveria ser apenas um simples cordeiro revelou uma assustadora face quase humana do animal.
Causando grande desconforto entre visitantes e internautas, o processo não é resultado de um dos casos de restaurações que dão errado por falhas dos artistas. Na realidade, se trata de como a obra era antes de serem feitas outras restaurações. Todavia, o significado por trás do episódio é ainda mais impactante.
Hélène Dubois foi a responsável pelo processo de restauração da obra e conta: “A descoberta foi um choque para todos — para nós, para a igreja, para os estudiosos e para o comitê internacional que estava acompanhando o trabalho”. A "Adoração ao Cordeiro Místico" — como é conhecida a parte em que consta o animal — faz parte de um grande conjunto de telas que compõem um grande painel, na Catedral de São Bavão, na Bélgica.
O caprino em questão é uma simbologia a Jesus, com uma ferida em seu peito, muito similar a de Cristo durante a crucificação. Seu peito jorra sangue dentro de um cálice dourado, enquanto o animal é adorado por anjos.
Assim, é possível compreender a intenção dos irmãos artistas Jan e Hubert van Eyck de propositalmente inserir um rosto mais humanizado, as restaurações anteriores (datadas de 1550) podem ter alterado a face do cordeiro para algo mais próximo às cabras de verdade.