Autor entrevistou 14 ex-ministros da Fazenda que presenciaram os acontecimentos dos últimos 28 anos da República
Em março de 1990, os brasileiros foram pegos de surpresa. Fernando Collor de Melo, presidente recém-eleito, havia reduzido ministérios, demitiu servidores públicos e anunciou o Plano Collor: o bloqueio, por 18 meses, das contas-correntes e poupanças que excedessem 50 mil cruzeiros. Medida extrema que, junto a um esquema de corrupção, resultou no impeachment.
Após 28 anos do episódio, Thomas Traumann, jornalista e ex-ministro de Comunicação Social do governo Dilma, revela quem são as pessoas na conjuntura política cujas decisões alteraram o cenário econômico do país e detalha a complicada relação entre ministros da Fazenda e presidentes.
Para apresentar os fatos com precisão, o autor entrevistou 14 ex-ministros da Fazenda que presenciaram os acontecimentos nos últimos 28 anos da República.
"Nenhum presidente de empresa privada acumula tanto poder, controla tantos destinos, atrai tanta inveja. Nenhum outro posto da administração pública sofre tanta pressão, recebe tanto escrutínio, é alvo de tantos ataques. Nenhum emprego tem, simultaneamente, tamanha força e fragilidade. É o pior emprego do mundo", afirma o autor.
Ao abordar as piores crises econômicas das últimas décadas, Traumann explica como o Brasil se tornou o país com a maior dívida externa do mundo, de que modo os protestos de junho de 2013 influenciaram na explosão do déficit das contas públicas e como a economia teve um papel fundamental para a deposição de Fernando Collor e Dilma Rousseff.
Confira um trecho do livro:
"Economistas discutem se entre setembro de 1989 e março de 1990 o Brasil viveu uma hiperinflação. O debate é academicamente excitante, mas, para o cotidiano dos brasileiros, essa era uma discussão bizantina. Em agosto de 1989, no início da campanha eleitoral, os preços subiram 33,18%, mais de um ponto percentual ao dia; em dezembro, quando Collor foi eleito, a inflação mensal passava dos 50%. O acumulado dos doze meses de 1989 chegou a 1.972%. O Brasil estava derretendo."