O coração de D. Pedro I foi enviado ao Brasil para o aniversário de 200 anos da independência do Brasil
Após o coração de Dom Pedro I ter sido enviado ao Brasil para as celebrações dos 200 anos da Independência do Brasil, os brasileiros tem se dividido entre críticas e elogios. No entanto, um dos maiores questionamentos é quanto custou trazer o órgão preservado em formol há mais de 180 anos.
Um dos nomes que agora pede que o governo detalhe ao povo os gastos públicos envolvidos no translado do órgão é o senador Randolfe Rodrigues (Rede), que enviou um ofício ao presidente Jair Bolsonaro a respeito da questão.
"Sem prejuízo da relevância das comemorações solenes ao bicentenário da independência, é preciso mais que nunca sinalizar sobriedade e comedimento nos gastos públicos, seja pelo estado de penúria econômica generalizada que o país atravessa [...], seja pelo risco de abuso da máquina pública que ronda o uso político desta solenidade para fins de promoção pessoal em pleno calendário eleitoral", afirma o texto de Randolfe.
Randolfe, inclusive, pediu que uma resposta seja emitida em até cinco dias úteis, sob pena "do ajuizamento de ação cautelar de exibição de tais documentos no âmbito da Justiça Federal".
Especialistas que pesquisam a vida e o legado de Dom Pedro I já se manifestaram a respeito dos gastos públicos envolvidos no translado do coração do imperador. Ao site Aventuras na História, o escritor e pesquisador Paulo Rezzutti falou sobre o envio do coração para o Brasil, e como esse gasto poderia ser melhor investido.
"Quanto vai ser o seguro para trazer esse coração? E o que não poderia ser feito com esse dinheiro em prol da educação e preservação da nossa memória? Então eu não sou a favor disso”, disse Paulo.
Já em conversa com o RFI, a historiadora e arqueóloga Valdirene Ambiel relembrou que “em 1972 foi quando o corpo de Dom Pedro foi trasladado para o Brasil, lamentavelmente foi usado de maneira política, durante o regime militar”.
Valdirene relembra que o Brasil vive cortes enormes de pesquisas há anos.
"Eu, como cidadã brasileira, no momento complicado do nosso país, inclusive para nós da área científica, que temos cortes muito grandes de pesquisa há muitos anos, não vejo razão para que haja gasto de dinheiro público com esse transporte. Acredito que se nós tivéssemos mais investimento não apenas na ciência, mas principalmente na educação de base, seria fundamental e inclusive uma homenagem a D. Pedro, que foi quem reconheceu a profissão e professor nesse país”, disse Ambiel.