Manifestantes incendiaram prédios públicos e, com internet interrompida, países vizinhos também sofreram com queda de conectividade
Nesta terça-feira, 25, manifestantes invadiram e incendiaram os prédios do Parlamento e da Prefeitura de Nairóbi, resultando em uma “grande interrupção” na conectividade à internet no Quênia.
O site de monitoramento de internet NetBlocks relatou o incidente em meio à repressão policial contra os protestantes, que se opõem a um novo projeto de lei financeira, levantando a hashtag #RejectFinanceBill2024.
A organização anunciou no X (antigo Twitter) que as interrupções também afetaram países vizinhos, incluindo Burundi, Uganda e Ruanda. Segundo o NetBlocks, o problema de conexão no país "permanece inexplicável neste momento", apesar das alegações da operadora de rede queniana Safaricom de que dois cabos submarinos foram danificados simultaneamente. Houve relatos de dificuldades de acesso às redes sociais, essenciais para a coordenação dos manifestantes.
A Anistia Internacional do Quênia expressou preocupação com a possível interrupção da internet, destacando que a conectividade é fundamental para o direito à informação e para a economia digital, responsável por cerca de 10% do PIB do país. A organização afirmou que qualquer tentativa de limitar a internet ou impor restrições à cobertura ao vivo seria uma grave violação dos direitos humanos fundamentais.
Durante os protestos, pelo menos cinco pessoas morreram e 31 ficaram feridas. Manifestantes incendiaram prédios públicos e veículos nos arredores da Suprema Corte, resultando em confrontos com as forças de segurança na capital. Deputados que estavam na região precisaram fugir por um túnel.
Organizações de direitos civis, como a Associação Médica, a Sociedade Jurídica e o Grupo de Trabalho sobre Reformas Policiais, lamentaram em nota que os protestos, inicialmente pacíficos, tenham se transformado em violência. Segundo 'O Globo', 13 pessoas foram feridas por balas de fogo e outras 21 foram sequestradas ou desapareceram nas últimas 24 horas, com algumas já libertadas. Ao menos 52 manifestantes foram presos.
A tensão aumentou no centro financeiro de Nairóbi, onde foi realizada a terceira manifestação em três dias do movimento “Ocupar o Parlamento”. Os protestos são contra o projeto de Orçamento para 2024-2025, que inclui novos impostos, como um IVA de 16% sobre o pão e uma taxa anual de 2,5% para veículos particulares. Apesar do governo ter anunciado a retirada da maioria das medidas, o movimento exige a eliminação total do texto devido ao alto custo de vida na região.
Segundo a AP, jovens que anteriormente apoiaram o presidente William Ruto agora se unem aos protestos contra as reformas econômicas. Mesmo assim, os legisladores estavam prestes a votar a favor do projeto de lei antes de fugir pelo túnel, destacando a persistente crise e insatisfação no país.
*Sob supervisão;