Considerada 'medíocre', pintura ficou esquecida por décadas em armazém; especialistas, porém, confirmaram que ela foi feita por mestre renascentista
Uma equipe de pesquisadores recentemente reatribuíu uma pintura, há muito esquecida, ao renomado mestre renascentista Tintoretto, após análises detalhadas. A obra, anteriormente considerada "medíocre" e relegada ao armazenamento por décadas no Museu Provincial de Belas Artes Emilio Pettoruti, agora será exposta.
A reatribuição foi realizada por especialistas do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet), utilizando técnicas espectroscópicas, químicas, artísticas e históricas para confirmar a autoria de Jacopo Comin, o verdadeiro nome de Tintoretto.
De acordo com o portal O Globo, a pintura, um óleo sobre tela de 140 x 118 cm, retrata Melchior Michael, um almirante e soldado veneziano do século XVI. Após sua chegada ao museu em 1932, como parte de uma doação de Sara Wilkinson de Santamarina y Marsengo, a obra foi inicialmente rejeitada pelo então diretor Emilio Pettoruti, que a considerou falsa. Somente após 60 anos, com os avanços tecnológicos, a autenticidade da obra foi revisitada.
A equipe do Conicet e do Centro de Química Inorgânica Dr. Pedro J. Aymonino conduziu uma série de testes químicos nos pigmentos, como cinábrio e branco de chumbo, e identificou um verniz encontrado em outras obras de Tintoretto.
Análises históricas sobre o comércio de pigmentos em Veneza no século 16 também corroboraram a origem da obra. Além disso, exames de raios X revelaram uma figura oculta na pintura — em razão de um retoque realizado há algum tempo —, reforçando ainda mais a autenticidade.
A história do quadro inclui sua participação na Grande Exposição de Arte Veneziana em Londres, em 1894, e sua venda em Bruxelas, em 1904. A obra foi parte da coleção de Léon Mathieu Henri de Somzée, um importante colecionador belga.
Com a confirmação da autenticidade, a pintura será exibida a partir de novembro durante a feira de arte contemporânea La Plateada, em La Plata. O museu também planeja investigar outra pintura doada, uma obra de Goya, que pode ser autêntica.