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Notícias / Vênus

Presença de dois gases podem ser sinais de vida nas nuvens de Vênus

Descobertas apresentadas durante reunião nacional de astronomia, na Inglaterra, reacendem discussões sobre a possibilidade de vida nas nuvens de Vênus

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
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Publicado em 18/07/2024, às 11h09

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Imagem do planeta Vênus - Reprodução / NASA
Imagem do planeta Vênus - Reprodução / NASA

Na última quarta-feira, 17, aconteceu a reunião nacional de astronomia em Hull, no nordeste da Inglaterra. Durante o evento, recentes descobertas foram apresentadas, reacendendo discussões sobre a possibilidade de vida nas nuvens de Vênus

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Segundo planeta do nosso Sistema Solar, Vênus está entre um dos locais mais hostis que conhecemos, afinal, sua superfície é quente o suficiente para derreter metal, além de ser coberta por uma atmosfera tóxica. Mas, mesmo assim, pesquisadores relataram a detecção de dois gases que podem ser indícios de formas de vida

Conforme repercutido pelo The Guardian, um desses gases é a fosfina, cuja presença em Vênus tem sido ferozmente debatida há anos. Já outra equipe detectou sinais de amônia que, na Terra, é produzida principalmente por atividade biológica e processos industriais; mas que, em Vênus, não poderia ser facilmente explicada por fenômenos atmosféricos ou geológicos conhecidos.

Importante ressaltar, porém, que esses chamados gases de bioassinatura não se tornam uma prova cabal da existência de vida em Vênus, mas atrairá certamente o interesse para o planeta — aumentando a possibilidade de a vida ter surgido e até mesmo florescido no passado mais temperado de lá e perdurado até hoje em bolsões da atmosfera.

"Pode ser que se Vênus passou por uma fase quente e úmida no passado, então, à medida que o aquecimento global descontrolado entrasse em vigor, [a vida] teria evoluído para sobreviver no único nicho que lhe restava — as nuvens", apontou o Dr. Dave Clements, um leitor de astrofísica no Imperial College London, na reunião, conforme repercutiu o Guardian.

Vida em Vênus

Embora a superfície de Vênus possa atingir cerca de 450ºC — quente o suficiente para derreter chumbo e zinco —, sua pressão atmosférica ser de 90 vezes a da superfície da Terra e o planeta também possui nuvens de ácido; cerca de 50 quilômetros acima da superfície, a temperatura e a pressão estão mais próximas das condições da Terra. E potencialmente quase sobrevivíeis para micróbios muito resistentes.

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Por aqui, por exemplo, o gás fosfina é produzido por micróbios em ambientes carentes de oxigênio, como intestinos de texugo e fezes de pinguins. Mas a alegação de detecção de fosfina em Vênus, em 2020, foi seguida de controvérsias, visto que as observações subsequentes falharam em replicar a descoberta. 

Mas as últimas observações feita por Clements e seus colegas, com a ajuda do telescópio James Clerk Maxwell (JCMT), baseado no Havaí, buscavam colocar um ponto final na disputa. Ao rastrear a assinatura de fosfina ao longo do tempo, eles descobriram que sua detecção parecia seguir o ciclo dia-noite do planeta.

Nossas descobertas sugerem que quando a atmosfera é banhada pela luz solar a fosfina é destruída", explicou Clements na convenção. "Tudo o que podemos dizer é que a fosfina está lá. Não sabemos o que a está produzindo. Pode ser química que não entendemos. Ou possivelmente vida".

Em outra palestra, a Professora Jane Greaves, astrônoma da Universidade de Cardiff, apresentou observações preliminares do telescópio Green Bank indicando a presença de amônia — que na Terra é produzida por processos industriais ou por bactérias conversoras de nitrogênio.

"Mesmo que confirmássemos ambas [as descobertas], não é evidência de que encontramos esses micróbios mágicos e que eles estão vivendo lá hoje", disse, acrescentando que ainda não havia "nenhuma verdade fundamental".