Enquanto Estados Unidos enviam Secretária do Interior, China envia vice-presidente
Para a cerimônia de posse presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, que ocorrerá no próximo domingo, 1, representantes de diversos países devem vir ao Brasil, em uma tradição que se repete após toda eleição. Mas em especial as delegações da China e dos Estados Unidos, duas das maiores potências econômicas do mundo, possuem pesos muito diferentes em sua composição.
De acordo com o colunista Jamil Chade, em texto ao UOL, enquanto o principal representante chinês é o vice-presidente Wang Qishan, os Estados Unidos enviaram a secretária do interior do país, Deb Haaland. Segundo a fonte, a China pretende se aproximar política e economicamente do Brasil com o novo governo, para provocar uma espécie de 'impulso' na relação entre os países, e por isso a escolha de representantes mais relevantes para o evento.
A China e o Brasil são ambos grandes países em desenvolvimento e importantes mercados emergentes", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin. "Somos os parceiros estratégicos abrangentes um do outro."
"Desde que os laços diplomáticos foram estabelecidos há 48 anos, as relações bilaterais têm desfrutado de um desenvolvimento sólido e estável com uma cooperação prática frutífera em vários setores. A natureza abrangente e estratégica de nossa parceria tem se tornado cada vez mais pronunciada e sua influência global está continuamente em ascensão", continuou Wenbin.
Em seguida, o porta-voz ainda alegou que a ida do vice-presidente chinês ao Brasil para a cerimônia de posse de Lula "diz muito da alta importância que a China atribui ao Brasil e às nossas relações bilaterais".
"Acreditamos que esta visita dará um forte impulso à nossa parceria estratégica abrangente e a levará a novas alturas, proporcionando mais benefícios tanto para os países quanto para os povos e contribuindo para a paz, estabilidade e prosperidade regional e global", finaliza.
O presidente eleito Lula já indicou, anteriormente, que Pequim deve ser um dos seus primeiros destinos internacionais após sua posse, juntamente com os Estados Unidos e a Argentina. As decisões, por sua vez, vão de encontro com o discurso do ainda presidente Jair Bolsonaro, que pretendia colocar a China como uma espécie de vilã internacional, enquanto pretendia se aproximar mais dos Estados Unidos de Donald Trump.
Apesar disso, as relações comerciais entre China e Brasil ainda estavam em alta, denotando uma contradição no discurso bolsonarista. Segundo dados do próprio governo federal, cerca de 27% de todas as exportações do Brasil iam para a China.
Agora, além de estreitar os laços econômicos e comerciais, Brasil e China pretendem se aproximar também politicamente, de forma a minar o discurso que coloca o governo de Xi Jinping como um inimigo global.