Tensão histórica entre os países é só um pano de fundo do ataque que matou o general iraniano Qasem Soleimani
No início da década de 1980, o Irã e o Iraque iniciaram uma sangrenta guerra motivada pelo fundamentalismo religioso e pela presença norte-americana no Oriente Médio. Apesar de não haver vencedores, o conflito — que terminou em 20 de agosto de 1988 — ajuda a entender alguns importantes confrontos que aconteceram anos depois na região, como a Guerra do Golfo e a Guerra do Iraque.
Entretanto, até 1979, os Estados Unidos enxergava o Irã como um dos maiores aliados do país na região. Entretanto, no mesmo período, o país sofreu a Revolução Islâmica, que culminou na queda do Xá Reza Pahlevi e na posse do aiatolá Ruhollah Khomeini.
Assim, o Irã deixava de ser uma monarquia com uma visão aliada com o Ocidente e passou a ser uma brutal ditadura fundamentalista islâmica. Khomeini, que defendia a expansão da revolução, considerou os EUA uma nação que corrompia os valores islâmicos. Como consequência, a relação entre Irã e EUA foi rompida e desde então os países não mantêm relações diplomáticas.
O ataque norte-americano ao Aeroporto de Bagdá, que matou o general iraniano Qasem Soleimani, aumentou ainda mais a conturbada relação que coloca Irã de um lado e Estados Unidos e Iraque do outro.
Apesar da proximidade — Irã e Iraque compartilham uma fronteira de 1.500 quilômetros — a relação dos países sempre se manteve tensa. Em 1980, Saddam Hussein invadiu o Irã e iniciou uma guerra de oito anos, que resultou em milhares de mortes. Apesar da oposição ao governo baathista de Saddam, os Estados Unidos deram apoio ao Iraque durante esse conflito.
Mais tarde, em 1990, depois que o Iraque invadiu o Kuwait — país aliado dos EUA — as forças armadas de Saddam forram derrotadas na Guerra do Golfo. Em 2002, o presidente George W. Bush classificou o Irã e o Iraque como parte do “eixo do mal”, mesmo com o antagonismo entre as duas nações.
No ano seguinte, em 2003, a invasão americana ao Iraque ocasionou na derrubada de Hussein. Entretanto, as tropas americanas ficaram no país para combater qualquer ameaça violenta. A retirada dos combatentes só ocorreu em 2011, no governo de Barack Obama, mas foram realocadas novamente no país em 2014 para combater o Estado Islâmico.
Já como presidente dos Estados Unidos, Donald Trump declarou suspeitar do acordo nuclear feito no governo de seu antecessor e acreditava que a gestão passada não havia feito o suficiente para reduzir a influencia dos iranianos no Oriente Médio. Trump retirou os Estados Unidos do acordo em mais de 2018 e restabeleceu as sanções contra o país.