A estrutura considerada patrimônio mundial pela UNESCO revelou em suas paredes uma quantidade relevante de sangue humano; entenda!
Publicado em 04/06/2024, às 10h05
Uma investigação sobre o Palácio do rei Guezô, localizado em Abomei, no Benin, África, indica que uma antiga lenda sobre sacrifícios vodu no século 19 pode ser verdadeira. Essa edificação é parte dos Palácios Reais de Abomei, que são patrimônios mundiais da UNESCO, e teria sido construída com sangue humano, conforme revelou uma recente pesquisa.
O estudo foi divulgado na revista Proteomics em 29 de maio. Segundo a pesquisa, o Palácio do rei Guezô foi erguido com o sangue de 41 vítimas sacrificiais. O rei, conhecido por sua crueldade militar, reinou em Abomei de 1818 a 1858, sendo o nono de 12 monarcas que governaram a região do século 17 ao início do século 20, segundo a Galileu.
“O aglutinante das paredes não é uma argamassa comum, mas é feito de óleo vermelho e água lustral misturados com o sangue de 41 vítimas de sacrifício. 41 é um número sagrado no vodu”, explicam os autores da pesquisa, segundo um comunicado divulgado pelo site IFL Science. “As vítimas eram provavelmente escravizadas ou prisioneiras de populações inimigas”.
A análise das paredes do palácio, realizada por espectrometria de massa, confirmou a presença de um componente intrigante: trigo, que só começou a ser cultivado na África Subsaariana muito depois da morte do rei Guezô. Acredita-se que a relação de Guezô com o imperador francês Napoleão II resultou em presentes como baguetes, que teriam sido incorporados à construção do palácio.
Além disso, foram detectadas proteínas sanguíneas, como hemoglobina e imunoglobulinas de humanos e galinhas. No entanto, os pesquisadores afirmam que uma análise de DNA é necessária para determinar quantas pessoas tiveram seu sangue utilizado na construção.
Um ritual conhecido como "Grandes Costumes" envolvia o sacrifício de cerca de 500 vítimas com a morte dos reis de Daomé. Este rito atingiu seu auge durante o reinado de Guezô, e a queda do reino em 1894 levou ao quase total desaparecimento dessa prática, de acordo com especialistas.