Abandonados no topo de vulcões, crianças se tornariam um intermédio entre deuses e pessoas
Arqueólogos descobriram que crianças do Império Inca eram levadas ao topo de montanhas e vulcões para serem atingidas por raios durante um ritual de sacrifício chamado de ‘capacocha’.
A pesquisa foi conduzida pela bioarqueóloga Dagmara Socha, do Centro de Estudos Andinos da Universidade de Varsóvia (CEAC) em Cuzco, que há anos estuda os restos mortais como parte de um projeto integrado com o Museu de Santuários Andinos da Universidade Católica de Santa Maria, em Arequipa.
De acordo com Dagmara, os incas acreditavam que no momento desses sacrifícios, as crianças se tornariam um intermédio entre deuses e pessoas. “Os incas consideravam as crianças puras e intocadas; seu status deveria convencer os deuses a tomarem decisões específicas”, explicou. Porém, eles ainda não sabem quais eram os critérios adotados para tal seleção: “Eles certamente tinham que ter algumas características excepcionais, como beleza ou ancestralidade”.
Ter um filho abatido em nome da religião era considerado uma honra e acredita-se que os jovens eram selecionados de regiões distantes do império. A evidência se dá pelo fato de uma das meninas encontradas no alto do vulcão Pichu Pichu possuir deformações deliberadas na cabeça, indicando que o crânio foi alogando. Eles explicam que a prática era comum somente nas terras baixas, na parte costeira do império.
O estudo analisou seis corpos que foram encontrados pela primeira vez há mais de duas décadas. Os cadáveres foram reanalisados com raios-X e outros métodos não destrutivos para preservar os restos. Alguns corpos foram mumificados e encontrados em boas condições,entretanto, outros estão em estado de deterioração, apresentando marcas de queimaduras e tecidos moles.
Agora os restos estão sendo armazenados em câmaras frigoríficas no museu peruano e o estudo continuará no proximo ano - com foco na coleta de amostras dentárias que irão determinar a dieta dos indivíduos e seus respectivos locais de origem.