De acordo com novos estudos, o povo da América Central tinha requintes de crueldade antes de jogar seus sacrifícios em enormes buracos sagrados espalhados pelo atual México
Após análises no esmalte dental de caveiras encontradas no território dos antigos Maias, cientistas concluíram que as vítimas de sacrifícios religiosos vinham de diversas partes do México e eram esfoladas vivas antes de serem jogadas nos cenotes sagrados, usados pelo povo mesoamericano para fazer oferendas a suas divindades.
Os cenotes são cavernas que contêm um longo sistema de rios subterrâneos. Formados pela queda de um meteorito no mar do Caribe, estão por toda a Península de Iucatã, onde viviam os Maias, no atual México.
Segundo especialistas, os locais eram utilizados para os sacrifícios porque a antiga civilização acreditava que os humanos e algumas outras espécies como morcegos e lagartos tinham suas origens em cavernas, então, dessa forma, seria uma maneira simbólica de completar o ciclo da vida.
Os moradores da grande cidade de Chichén Itzá acreditavam que o cenote do lugar era uma espécie de portal para o mundo dos mortos e, portanto, eles enchiam com oferendas como ouro, cerâmica, bronze, armas e até seres humanos.
O cenote do local foi descoberto no início do século 20 e vem sendo profundamente estudado desde então. Os cientistas analisaram as ossadas e os esmaltes dos dentes de 200 esqueletos e perceberam que a maioria era de crianças entre 4 e 6 anos, mais da metade eram homens e havia diversos sinais de mutilação.
Os estudos determinaram que esses sacrifícios humanos eram trazidos de longe, provavelmente por prisioneiros de guerra dos Maias. Ao contrário do que se pensava, a influência deles era grande, atingindo partes mais remotas do continente.
Tais rituais eram feitos de maneira brutal: segundo os cientistas, os corpos tinham suas articulações separadas, não se sabe se por cirurgia ou por amputação, e algumas pessoas eram completamente esfoladas ainda em vida.
No crânio, buracos eram feitos na base da pancada (eles usavam ferramentas percussivas). O encéfalo esburacado era, então, exposto, mas ainda não se sabe o motivo: espantar invasores, mórbida decoração, troféus de guerra ou oferendas aos deuses?
Quando se fala dos impérios pré-colombianos, geralmente pensamos nos Astecas ou nos Incas, muito pelo contato que esses tiveram com os europeus. Mas os Maias, mesmo vindo antes também tinham uma complexa e influente sociedade que ia muito além das famigeradas profecias de apocalipse.