Museu tem planos para fazer tour virtual em Auschwitz, local que foi palco da tortura e morte de vítimas do nazismo
78 anos após a libertação das vítimas do nazismo que foram aprisionadas e torturadas no campo de concentração de Auschwitz, a Auschwitz-Birkenau Foundation anunciou uma grande novidade: é desenvolvida uma plataforma digital que realizará tours virtuais para aqueles que não conseguem ir até o local.
A novidade é mais importante que nunca: em meio ao antissemitismo, ataques de neonazistas e negacionismo do Holocausto, a possibilidade de realizar visitas guiadas virtuais em Auschwitz será de extrema importância para as próximas gerações.
Wojciech Soczewica, diretor-geral da fundação, disse que o projeto foi iniciado durante a pandemia de covid-19. Conforme relembrado pelo Estadão, naquela época museus foram forçados a fechar as portas ao seguir as regras do lockdown.
“Tivemos que fazer alguma coisa, porque pessoas de todo o mundo diziam: ‘sabemos que isto é um museu, que vocês têm que ficar em lockdown , mas este lugar, como nenhum outro no mundo, tem de permanecer acessível’. As pessoas queriam vir, queriam viver a experiência”, afirmou Wojciech numa conferência focada em inovação e tecnologia que foi realizada em Munique neste mês.
Ao mesmo tempo, a ideia de disponibilizar a visita online também trouxe questionamentos para a administração do museu. Além das questões técnicas para fazer a migração digital da visita, também falam sobre a ética e o motivo das visitas serem realizadas apenas presencialmente, afinal, o museu trata de um tema sensível.
"A diferença [de Auschwitz-Birkenau] para outros museus como o Louvre, o Centre Pompidou ou o Tate Gallery é que as pessoas vêm para entender, experienciar, lamentar", destacou o diretor. "[Os guias] não estão ali apenas para contar a História. Eles também estão lá para cuidar de nós quando decidirmos ir e aprender sobre essa história horrenda".
Com esses obstáculos em mente, o museu analisou um diferente modo de fazer as visitas virtuais. Ao contrário das instituições que contam com um roteiro padrão ou até mesmo um sistema no qual o próprio usuário realiza a condução, em Auschwitz as visitas online serão realizadas por agendamento.
Assim, um guia fará o trajeto pessoalmente no campo e dará explicações e até mesmo apoio psicológico para aqueles que precisarem. A visita durará em torno de 1 hora e 45 minutos.
Já as questões técnicas, que também representaram obstáculos, foram eliminadas com a atuação de empresas israelenses imergidas no ramo tecnológico. Um software foi desenvolvido para que o guia e os visitantes consigam realizar o passeio. Ao mesmo tempo, uma conexão estável de internet foi disponibilizada no campo de concentração.
Em fase final do projeto, o museu espera somente pelo fim do software e o treinamento dos guias que serão responsáveis por realizar o passeio virtual.