Símbolo da monarquia, Pedra do Destino fará parte da coroação de Charles III
No próximo dia 6 de maio ocorre a coroação do rei Charles III. Como tradição dentro da realeza britânica, a cerimônia contará com a Pedra do Destino; símbolo da monarquia escocesa e britânica usada desde 1300 para a posse de reis e rainhas.
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Apesar do bloco de arenito não ter sua origem muito clara, muitos apontam que a Pedra da Coroação, como também é chamada, possa ter ligações bíblicas, tendo sido trazida para a Irlanda pelo profeta Jeremias ou pela filha de algum faraó.
Há quem diga, conforme repercute o Daily Mail, que a Pedra do Destino seria a Pedra de Jacó, tirada por Jacó de Betel enquanto estava a caminho de Harã, no Oriente Médio, conforme é relatado no Livro de Gênesis.
O Antigo Testamento narra que Jacó usava a pedra como travesseiro quando teve sua famosa visão de uma escada que levava ao céu. Mas um acadêmico jogou um balde de água fria nessa versão, argumentando que é "altamente duvidoso" que a Pedra do Destino que será usada na coroação seja "original" da Terra Santa.
Há também quem acredite que a pedra original possa ter sido trocada pelos escoceses antes de ter sido roubada pelos ingleses em 1296.
Ian Bradley, professor emérito de história cultural e espiritual da Universidade de St. Andrews, explica que a Pedra do Destino é feita de um tipo de arenito "desconhecido" no Oriente Médio, mas "relativamente comum" em Scone, na Escócia.
Segundo o Daily Mail, Scone, aliás, é o local onde o rei Edward I saqueou a pedra, da Abadia de Scone, em 1296, e a trouxe para Londres.
"Edward aproveitou-o como parte de sua tentativa de anexar a coroa escocesa à da Inglaterra, considerando que sua posse o tornava o rei legal da Escócia e que qualquer rei escocês eleito posteriormente seria um usurpador e não seria devidamente coroado", escreve o professor Bradley na nova edição da revista 'Life and Work' da Igreja da Escócia.
"O arenito de que é feito é de um tipo relativamente comum em Scone e Dunstaffnage, mas desconhecido nas proximidades de Tara ou no Oriente Médio", destaca o pesquisador.
O professor Bradley ainda descreveu a teoria de Edward I sendo enganado com uma falsificação como "interessante", mas isso "simplesmente não sabemos" com certeza, disse ao Mail.
Por fim, ele acrescenta que "talvez não devêssemos deixar que fatos concretos atrapalhem lendas e mitos" ao iniciarmos nossas celebrações de coroação.
A Pedra do Destino simboliza o caráter sagrado e a história da monarquia nas Ilhas Britânicas e ilustra os esforços consideráveis que foram feitos para conectá-la com a realeza do Antigo Testamento e as narrativas bíblicas”, finaliza.