A expedição foi realizada na caverna Paraíso, em Aveiro, com o incentivo da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa)
Um grupo de pesquisadores do Pará encontrou um fóssil que pertenceu a uma “preguiça-gigante” no município de Aveiro, sudoeste do estado. O projeto foi realizado graças ao apoio da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa)
O estado possui um número pequeno de fósseis descobertos, sejam eles de animais extintos ou encontrados até hoje, especialmente em regiões de cavernas, por serem um dos primeiros locais que sofrem com a extinção, o que tornou a expedição ainda mais particular.
O projeto, cujo nome designado foi “Métodos arqueológicos de escavação aplicados a depósitos paleontológicos em cavernas do Pará”, continua a todo vapor, com seus colaboradores atuando na região da caverna Paraíso, na procura por outros fósseis.
A expedição iniciou-se em 2022, após o professor Elver Mayer conseguir patrocínio da Fapespa e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ele também contou com a ajuda de estudantes do Grupo de Estudos em Paleontologia (Gepaleo), que pertence à Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa).
A caverna Paraíso, que possui sete quilômetros de extensão, é conhecida na região amazônica como a maior caverna natural. Após consultarem as pesquisas de Leda Zogbi, documentadora de cavernas e exploradora, Elver e seu grupo encontraram fósseis de invertebrados marinhos do período carbonífero, como lírios-do-mar e corais, nas paredes da caverna, algo incomum no país.
Eles também se depararam com a vértebra de um animal de grande porte, que pertenceu à família Mylodontidae, também conhecidas como preguiças-gigantes. Estima-se que elas pesavam até duas toneladas e possuíam três ou quatro metros de altura.
Conforme repercutido pelo G1, Mayer afirmou que a descoberta dos fósseis do Quaternário, conhecido popularmente como “Era do Gelo”, foram feitas a partir de uma inspeção do teto, paredes e piso. Ele também esclareceu a influência deste período no Brasil:
Registros antigos dessa família de preguiças-gigantes na região amazônica são de uma época chamada Mioceno (desde aproximadamente 23 até 5 milhões de anos atrás). Porém, conforme o que pudemos verificar até o momento, não há registros confirmados da ocorrência na Amazônia para o período quaternário. Para esse intervalo de tempo, a família foi identificada em várias regiões da América do Sul, como em partes da Argentina, Paraguai e Uruguai, no Rio Grande do Sul, à oeste da Amazônia, no litoral do Equador e Peru e nas regiões sudeste e nordeste do Brasil. Se isso se confirmar, com esse registro da caverna Paraíso, poderemos constatar que a área geográfica em que essa família de preguiças-gigantes viveu durante o quaternário também se estendeu à região amazônica”, explica o pesquisador em um comunicado da Fapespa.
No comunicado, Mayer também explicou o que as descobertas significam para o projeto e para a população na totalidade:
Apesar de todos os esforços e resultados obtidos, ainda não encontramos um sítio adequado para uma escavação detalhada no Pará. Afinal, os fósseis só se formam em condições excepcionais e estão sujeitos à destruição pela erosão durante milhares de anos, de forma que encontrá-los em grande quantidade é o equivalente a ganhar na loteria. E para ganhar temos que apostar! Felizmente, um dos projetos financiados pela Fapespa está em andamento e nele, a nossa aposta de realizar o achado de um sítio paleontológico ainda mais impactante. Assim, poderemos fazer novas descobertas e revelar para a população em geral um tanto mais sobre o que o patrimônio paleontológico do Pará preservou da história evolutiva da Amazônia”, concluiu Elver Mayer em nota para a Fapespa.