Segundo os papiros, os oficiais estavam no Egito quando receberam as mensagens, que incluem características daquele período; confira!
Publicado em 27/05/2024, às 11h09
Na Polônia, arqueólogos desenterraram papiros com uma lista de oficiais de alta patente das legiões romanas, conhecidos como centuriões, na antiga cidade de Berenice Troglodítica, no Egito. Na antiguidade, esse local era um porto marítimo situado na costa ocidental do Mar Vermelho, fundado por Ptolemeu II Filadelfo (285-246 a.C.) e batizado em homenagem à sua mãe, Berenice I.
Os documentos descobertos oferecem informações sobre a vida e atividades dos centuriões, bem como suas correspondências, que incluem ordens de compra de itens exclusivos. A antiga cidade portuária de Berenice foi construída durante o reinado do Imperador Tibério, após a anexação do Egito pelo Império Romano.
Há muito tempo, arqueólogos suspeitavam da presença de uma unidade militar na região, possivelmente da Terceira Legião Cirenaica, que era conhecida por conter a expansão de Meroé na Núbia e suprimir a revolta em Jerusalém no ano 70 d.C.
As cartas preservadas nos papiros mencionam centuriões como Haosus, Licínio e Petrônio, que comandavam unidades militares de 80 a 100 soldados. Em uma correspondência, Petrônio pergunta a Licínio, baseado em Berenice Troglodítica, sobre os preços de bens exclusivos.
"Também há a declaração: 'Estou te dando o dinheiro, estou enviando por dromedário (uma unidade de legionários se movendo em dromedários). Cuide deles, forneça-lhes vitela e estacas para suas tendas'", conta Marta Osypińska, arqueóloga do Instituto de Arqueologia da Universidade de Wrocław e líder da escavação, para o site Arkeonews.
O material foi descoberto junto com outros artefatos romanos, incluindo cerâmica, óstracos (fragmentos de textos em cerâmica), moedas romanas e uma fíbula. Durante o período romano, Berenice era um ponto crucial para o comércio de elefantes de guerra e produtos exóticos, importados da Índia, Sri Lanka, Arábia e Alto Egito.
Recentemente, escavações em um cemitério de animais na periferia oeste da cidade revelaram uma coleção de cerâmicas do Mediterrâneo, África e Índia. Acredita-se que os papiros tenham origem no escritório ou na residência de um centurião, localizada próxima ao cemitério de animais. Com o tempo, os vestígios da presença dos legionários foram mecanicamente transferidos para o cemitério, segundo a Galileu.
De início, foi difícil avaliar a importância da descoberta, já que os arqueólogos encontraram somente pequenos rolos de alguns centímetros, que foram identificados como fragmentos de papiros, geralmente armazenados dessa forma quando não escritos.
"Esta parte do mundo possui poucos sítios do período romano. Os egípcios tendem a deixar poucos relatos históricos dessa época, porque é o momento em que foram conquistados", conclui Marta.