O padre venezuelano Héctor Lunar não sabia que os afrescos eram protegidos como patrimônio local; agora, especialistas tentam salvar obras de arte
Recentemente, um padre da igreja de Santo António de Pádua, localizada na cidade de El Tanque, localizada na ilha espanhola de Tenerife — próxima à costa da África Ocidental — foi bastante criticado pela comunidade local. Isso porque ele teria encomendado a pintura sobre afrescos históricos de 300 anos na paróquia, para prepará-la para a Semana Santa, sem saber da importância das pinturas.
O incidente, segundo o The Guardian, provocou manifestações da população local, além de uma investigação por parte do governo local para entender como tal erro pode ter sido cometido. O padre responsável pela encomenda, Héctor Lunar — um venezuelano que fugiu de seu país após criticar o regime de Nicolás Maduro —, disse que não sabia que os afrescos haviam recebido proteção há mais de uma década.
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Sinto muito e peço desculpas a todas as autoridades relevantes", disse ao jornal local El Día. "Ninguém me contou sobre isso. Tudo que eu queria fazer era pintar aquela parte da igreja para prepará-la para os eventos da Semana Santa."
A igreja, vale mencionar, é datada do século 16, e precisou ser reconstruída no século 18, depois de ser destruída em uma erupção vulcânica em 1706. Em 2011, ela foi tombada como patrimônio local, e os afrescos foram descobertos durante obras de restauração há apenas duas décadas.
Se eles precisam me punir, deveriam me punir", acrescenta Héctor Lunar ao El Día. "Meu erro foi não ter me informado sobre as riquezas da igreja de Santo Antônio de Pádua. Gostaria de pedir desculpas às autoridades e à comunidade religiosa de El Tanque. Minha intenção não era causar nenhum dano quando comecei os esforços para melhorar a igreja. Eu sinto muito."
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Agora, especialistas em patrimônio local e em restauração estão examinando as paredes da igreja, para determinar se os afrescos podem ou não ser salvos. "Estamos agora nas mãos de Deus e de quem tem o conhecimento certo", conta Lunar ainda ao El Día.
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Vale mencionar também que, embora parte da irmandade religiosa local tenha apelado à substituição de Lunar como pároco, ele teve seu pedido de desculpas aceito. Além disso, as autoridades locais não compreenderam por que ele não sabia da existência ou da importância dos afrescos, ou a razão de ele não ter consultado outras pessoas antes de contratar os empreiteiros.
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"Esperamos apenas que tudo volte ao normal o mais rápido possível. Mas precisamos de esperar pelo relatório do departamento de patrimônio do governo regional para ver quais são os danos. Esperamos que possa ser reparado", disse Esther Morales, prefeita de El Tanque, ao El Día.