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Notícias / Ötzi

Ötzi: 'Homem do Gelo' tinha genes da calvície e tom de pele escuro

Novo estudo revela detalhes físicos do corpo mumificado de mais de 3 mil anos, encontrado nos Alpes na fronteira entre a Áustria e a Itália

Fabio Previdelli
por Fabio Previdelli
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Publicado em 16/08/2023, às 16h17 - Atualizado às 19h08

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A múmia de Ötzi - Divulgação/ Museu de Arqueologia do Tirol do Sul
A múmia de Ötzi - Divulgação/ Museu de Arqueologia do Tirol do Sul

Em setembro de 1991, uma dupla de turistas encontrou um corpo congelado durante um passeio sobre os Alpes de Ötztal, na fronteira entre a Áustria e a Itália. Tratava-se de Ötzi, o Homem de Gelo, o corpo mumificado de um homem que viveu entre 3.400 e 3.100 a.C., mas que ainda hoje é permeado de dúvidas.

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Décadas depois do achado, pesquisadores continuam fazendo descobertas sobre Ötzi. As mais recentes, aliás, ajudam a elucidar como era o Homem de Gelo e quebram algumas ideias que se acreditava ser verdade absoluta sobre sua figura.

Conforme o novo estudo publicado na revista Cell Genomics, Ötzi tinha os olhos escuros; o cabelo preto e ralo; poucas ou nenhuma sarda no rosto; e um tom de pele mais escuro do que se pensava até então.

Até então, Ötzi era retratado desta forma / Crédito: Divulgação/ Museu de Arqueologia do Tirol do Sul

Os resultados foram obtidos através de uma análise maior de seu genoma, o que permitiu traçar sua história genética e descobrir mais detalhes de sua aparência física. Nos estudos, os cientistas ainda constaram que o Homem de Gelo tinha genes associados à calvície masculina.

Chefe do Eurac Research Institute for Mummy Studies e coautor do estudo, Albert Zink explica em entrevista ao The Guardian de que o tom de pele mais escuro de Ötzi era semelhante ao dos indivíduos europeus contemporâneos.

Pensava-se anteriormente que a pele da múmia havia escurecido durante sua preservação no gelo, mas presumivelmente o que vemos agora é, na verdade, em grande parte, a cor original da pele de Ötzi", apontou.

Os genomas de Ötzi

O periódico britânico aponta que os genomas do Homem de Gelo foram sequenciados pela primeira vez no ano de 2012 — e que a análise da época resultou em características de um homem peludo de pele e olhos claros. O que contrasta com as descobertas atuais, auxiliadas pelo desenvolvimento da tecnologia de sequenciamento de DNA.

"A tecnologia de sequenciamento avançou desde então e permitiu que os pesquisadores gerassem um genoma de alta cobertura com análises mais precisas. Isso lhes permitiu obter novas informações e corrigir descobertas anteriores", explicou Zink.

O novo estuda indica que Ötzi teve a pele escura durante a vida, o que corrobora com uma hipótese anterior que encontrou grânulos de melanina marrom na camada mais profunda de sua epiderme. As descobertas recentes também contestam a ascendência previamente pensada do Homem do Gelo.

Há mais de uma década, as pesquisas relataram uma afinidade genética entre Ötzi e os sardos atuais (povo nativo do sul da Europa), colocando o Homem de Gelo com uma ascendência relacionada a fazendeiros da estepe. Mas a amostra de 2012 estava contaminada com DNA humano moderno, o que pode ter levado a esses resultados.

A nova pesquisa usou um método de extração diferente, que reduziu a contaminação, e revela que o Homem do Gelo tinha uma alta proporção de genes em comum com os primeiros agricultores da Anatólia (também conhecida como Ásia Menor).

Johannes Krause, coautor do estudo baseado no Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, disse que ficou surpreso ao não encontrar vestígios de pastores da estepe da Europa Oriental na análise e disse que a proporção de genes caçadores- coletores no gene de Ötzi genoma é muito baixo.

Geneticamente, seus ancestrais parecem ter chegado diretamente da Anatólia sem se misturar com grupos de caçadores-coletores", declarou.

Os pesquisadores observaram que Ötzi cresceu e viveu onde hoje é Tirol do Sul, no norte da Itália, sendo que seus ancestrais vieram da Anatólia e começaram a migrar para a Europa há cerca de 8.000 anos. A população de Ötzi teria vivido em uma área bastante isolada com contato relativamente baixo com outras populações.

Por fim, Zink disse que os pesquisadores agora têm uma melhor compreensão de sua ancestralidade e o estudo melhorou seu conhecimento sobre a aparência física do Homem de Gelo: "Reconstruções futuras devem levar isso em consideração".