Encontrados na Itália, os restos mortais podem ajudar a entender o começo da relação entre o cão e o homem
No mês passado, em agosto, pesquisadores encontraram ao menos dois esqueletos que podem ter pertencido aos primeiros cachorros domesticados do mundo em duas cavernas que remontam ao período paleolítico, a Caverna Paglicci e a Caverna Romanelli, ambas no sul na Itália.
Os pesquisadores acreditam que esses ossos descobertos podem datar de ao menos 14 mil anos atrás, mas a data mais antiga pode chegar a até 20 mil anos. “Isso documenta inequivocamente uma das primeiras ocorrências de domesticados no Paleolítico Superior da Europa e no Mediterrâneo”, explicou o líder da pesquisa publicada na revista científica Scientific Reports, Francesco Boschin, da Universidade de Siena.
A origem da relação entre o cão doméstico e o homem ainda não possui uma resposta definitiva aceita pela maioria dos pesquisadores. Para o pesquisador, essas restos mortais “também podem representar a evidência até agora ausente do processo evolutivo que levou ao cão, o primeiro animal domesticado”.
No entanto, Boschin já evidencia uma possibilidade pertinente para esse estudo. Durante o Último Máximo Glacial, animais começaram a passar por uma situação de falta de comida, buscando também abrigo em regiões mais quentes.
“Neste período de grave crise, o lobo, um predador social de alguma forma semelhante ao homem, encontrou uma nova maneira de garantir a sobrevivência: aproveitando um novo nicho, comendo os restos de assentamentos humanos”, explicou.
Com esse processo, é possível ainda que os indivíduos tivessem percebido as vantagens de terem animais como seus companheiros. Assim, eles podem ter tentado acelerar esse processo de domesticação ao matarem a prole mais agressiva de lobos, por exemplo, para que apenas os mais calmos se reproduzissem.