O documento, divulgado na última quarta-feira, 15, tem autoria da ONG Transitional Justice Working Group (TJWG)
A organização não governamental TJWG (Transitional Justice Working Group), que atua em prol da plena garantia dos direitos humanos, realizou na última quarta-feira, 15, uma grave denúncia sobre práticas que seriam realizadas na Coreia do Norte.
Segundo a iniciativa, que tem sede em Seul, na Coreia do Sul, o território vizinho teria promovido uma série de execuções em público nos últimos anos.
No entanto, as lideranças norte-coreanas teriam sido estratégicas em promover medidas que dificultassem o vazamento de informações confidenciais, buscando evitar que sua imagem fosse ainda mais prejudicada frente às demais nações mundiais.
De acordo com informações da AFP, a revelação feita pelo TJWG tem como fontes os testemunhos de dissidentes da Coreia do Norte sobre 23 execuções públicas que teriam sido cometidas durante a era Kim Jong-un, que já dura uma década, além de imagens de satélite.
Conforme divulgou a agência de notícias, essas pessoas afirmam que as execuções aconteceram em locais extremamente vigiados pelas autoridades, a fim de evitar o vazamento de informações.
"Nos últimos anos, a Coreia do Norte parece estar selecionando estrategicamente lugares distantes da zona fronteiriça para cometer estes assassinatos", declarou o TJWG.
"A supervisão e o controle do público reunido nestes eventos são reforçados para evitar que a informação das execuções públicas vazem para fora do país", prossegue o relatório. "Nossas descobertas sugerem que o regime de Kim presta mais atenção às questões de direitos humanos como resposta ao aumento do escrutínio internacional."
Conforme ressalta a denúncia, é praticamente impossível verificar os testemunhos dos dissidentes de maneira independente, uma vez que Kim Jong-un, assim como fizeram seus antecessores, mantém um rígido controle sobre o acesso às informações do país, desde arquivos até a população.
A principal autora do documento, Ahyeong Park, porém, observa no relatório que a organização avaliou de maneira metódica a consistência dos depoimentos obtidos, selecionando apenas os mais confiáveis.
De acordo com a AFP, o governo da Coreia do Norte garantiu respeitar os direitos humanos e considerou "mentirosas" as acusações feitas pelos norte-coreanos que deixaram o país.
Conforme informou o TJWG, sete das execuções foram realizadas como punição a pessoas que promoveram a distribuição de vídeos procedentes da Coreia do Sul, o que é proibido por lei no país.
Uma segunda ONG, a Human Rights Watch, acusou o ditador Kim Jong-un, na última quinta-feira, 16, de "isolar o país mais do que nunca" com "medidas desnecessárias e extremas", referindo-se ao fechamento das fronteiras durante a pandemia.