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Notícias / Mistério

O fim do mistério sobre o sinal de rádio que viajou por 200 milhões de anos

As rajadas rápidas de rádio (FRBs) são eventos estelares extremamente breves, mas liberam uma quantidade colossal de energia; entenda!

Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 06/01/2025, às 17h00

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Ilustração de uma estrela de nêutrons emitindo um feixe de rádio - Daniel Liévano/MIT
Ilustração de uma estrela de nêutrons emitindo um feixe de rádio - Daniel Liévano/MIT

Uma enigmática explosão de rádio registrada em 2022, conhecida como FRB 20221022A, foi rastreada até a magnetosfera de uma estrela de nêutrons a 200 milhões de anos-luz de distância.

Essas rajadas rápidas de rádio (FRBs) são eventos estelares extremamente breves — durando apenas milissegundos —, mas liberam uma quantidade colossal de energia, capaz de ofuscar galáxias inteiras.

Desde a descoberta da primeira FRB em 2007, milhares já foram observadas, mas sua origem permanece um mistério. Um estudo recente, publicado na revista Nature, trouxe novas respostas ao analisar o brilho e as características únicas da FRB 20221022A.

Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) concluíram que essa explosão específica se originou na magnetosfera de uma estrela de nêutrons — uma região altamente magnética ao redor da estrela. Essa descoberta fornece a primeira evidência conclusiva de que os FRBs podem surgir nesses ambientes extremos.

Campos Magnéticos 

“Os campos magnéticos ao redor dessas estrelas de nêutrons, também conhecidos como magnetares, estão no limite do que o universo pode produzir”, explicou Kenzie Nimmo, principal autora do estudo.

Nesses ambientes extremos, os átomos são facilmente despedaçados, e por muito tempo se questionam se as emissões de rádio elétricas poderiam escapar do plasma denso e turbulento.

O mais empolgante é que a energia armazenada nesses campos magnéticos pode se reorganizar de forma a emitir ondas de rádio que conseguem detectar a partir de bilhões de quilômetros de distância”, acrescentou Nimmo.

Essa descoberta ajuda a esclarecer a física por trás das FRBs, que até então eram alvo de teorias concorrentes. Enquanto alguns sugeriam que as rajadas eram geradas nas magnetosferas de objetos cósmicos compactos, outros atribuíam esse fenômeno a ondas de choque emitidas por esses corpos.

Os pesquisadores investigaram como o sinal da FRB 20221022A cintilava ao atravessar o gás de uma galáxia distante, características que ocorrem devido à curvatura da luz. Esse efeito permitiu estimar o tamanho da região de onde o sinal se originou.

A luz polarizada da explosão, bloqueada por cerca de dois milissegundos, apresentou uma curva suave em forma de “S”. Essa característica indicava que o local de emissão estava girando — uma assinatura típica de pulsares, estrelas de nêutrons altamente magnetizadas que giravam rapidamente.

Os cientistas determinaram que uma explosão ocorreu em uma pequena região a cerca de 10.000 km da superfície da estrela, uma distância equivalente entre Nova York e Cingapura.

Para efeito de comparação, ampliar essa região a uma distância de 200 milhões de anos-luz seria como medir a largura de uma hélice de DNA na superfície da Lua.

Conclusão

A pesquisa confirma, pela primeira vez, que rajadas rápidas de rádio podem ser geradas muito próximas à superfície de estrelas de nêutrons, em ambientes magnéticos incrivelmente caóticos.

Essa descoberta não apenas resolve um mistério sobre as FRBs, mas também oferece uma nova janela para estudar os limites do magnetismo no universo.

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