No novo documentário da Netflix 'Jerry Springer: Brigas, Câmera, Ação', o produtor Toby Yoshimura relembra bastidores de polêmico programa
Redação Publicado em 07/01/2025, às 20h00
O The Jerry Springer Show desafiou as normas da televisão, ao mesmo tempo em que colocou em teste os valores pessoais de muitos produtores envolvidos. Um dos que enfrentaram essa pressão foi Toby Yoshimura, que compartilha suas experiências em um novo documentário de duas partes intitulado Jerry Springer: Brigas, Câmera, Ação', que estreou hoje, 7, na Netflix.
Toby Yoshimura relembra o peso emocional que a produção do programa lhe trouxe. "Eu não estava bem. A pressão daquele show estava me afetando profundamente. As situações que pedia para as pessoas viverem em nome do entretenimento começaram a me incomodar", confessou.
O produtor destacou que sua principal preocupação era agradar Richard Dominick, o produtor executivo do programa, que se tornou uma figura paternal para ele. Contudo, essa relação, ao mesmo tempo de admiração e dependência profissional, acabou levando Yoshimura a um caminho sombrio.
"A única forma que encontrei para lidar com isso foi me embriagar por quatro dias seguidos. Depois eu ficava sóbrio e voltava para o trabalho, e então retornava para a bebida", revelou. "Então a tequila parou de funcionar. A cocaína veio logo em seguida".
O momento decisivo para Yoshimura ocorreu após uma ligação de uma espectadora que desejava participar do programa. Sua história ficou gravada em sua memória. "Uma mulher ligou porque queria que seu pai parasse de mandá-la trabalhar como prostituta. Isso vinha acontecendo desde que ela tinha 16 anos", ele lembrou.
Ele admitiu ter ficado cético quanto à possibilidade do pai aparecer no programa, mas acabou se surpreendendo quando ele realmente compareceu. "Fiquei atônito", disse.
No dia seguinte, como parte de suas obrigações, Yoshimura foi verificar como estavam ambos os participantes. "Os mantivemos sob nomes falsos em hotéis diferentes e eles não sabiam onde estavam um ao outro", explicou. Ele decidiu visitar primeiro o hotel da mulher para ver como ela estava.
Ao bater na porta, foi surpreendido pelo pai dela, que atendeu apenas com uma toalha. A jovem apareceu logo em seguida, visivelmente envergonhada; eles tinham acabado de ter relações sexuais. Essa experiência foi devastadora para Yoshimura: "Foi como colocar dois canos de uma espingarda na minha cabeça e puxar o gatilho", desabafou.
Essa cena impactante levou-o a refletir sobre seu papel na produção do programa: "Isso é algo que eu não sinto que devo contribuir. E isso foi o ponto final para mim. Pedi demissão".
E eu não conseguia parar de chorar. Eu estava quebrado".
A decisão de deixar o programa não foi fácil, embora ele soubesse que havia atingido seus limites. "Não avisei ninguém; nem mesmo Richard. Eu simplesmente coloquei minhas coisas em um caminhão e não apareci mais. Não respondi a ligações", contou.
Ainda assim, esse episódio representou um marco em sua trajetória no programa; Yoshimura retornaria ao The Jerry Springer Show em 2006 antes de deixar definitivamente a produção em 2008.
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