Com 2 mil anos, até hoje finalidade da Máquina de Anticítera é um mistério para cientistas; novo estudo pode mudar compreensão de artefato antigo
Publicado em 10/04/2025, às 13h07 - Atualizado em 17/04/2025, às 18h33
Em 1901, durante a exploração de um naufrágio na ilha de Anticítera, na Gécia, foi descoberto um mecanismo misterioso que, desde então, é envolto em grande mistério. Chamado de Máquina de Anticítera, muito pensou-se que pode ter sido o primeiro computador analógico da história; entretanto, um novo estudo traz novas hipóteses sobre seu uso.
Nos últimos anos, tomografias computadorizadas do artefato sugeriram que o dispositivo, de 2.000 anos atrás, seria uma espécie de ferramenta astronômica que, a partir de uma manivela e várias engrenagens, poderia indicar a data de acordo com os calendários grego e egípcio, exibir as posições do Sol, da Lua e dos planetas, e até prever eclipses lunares e solares.
Porém, a verdadeira finalidade do mecanismo seguiu um mistério. Se não fosse sua precisão, ele pode ter sido meramente um brinquedo ou um modelo educacional. Porém, se fosse preciso o bastante, pode também ter sido uma ferramente de astrólogos e astrônomos para realizar previsões.
No entanto, como ele passou mais de dois milênios soterrado, e no fundo do mar, ele foi encontrado altamente corroído e com muitas peças faltando, repercute o Live Science.
Em um novo estudo, submetido ao servidor de pré-impressão arXiv, pesquisadores argentinos criaram uma simulação computacional que reproduzia os movimentos da Máquina de Anticítera, incorporando inclusive os erros de sua fabricação imprecisa, com engrenagens sem um espaçamento exato entre si.
Vale mencionar que, em esforços anteriores, estudiosos recriaram como seria o interior do mecanismo, mas com um detalhe crucial: sem os dentes triangulares de suas engrenagens, que afetam nas conexões. E a partir de um novo modelo, os pesquisadores descobriram que, na verdade, o mecanismo não era tão útil quanto parece.
Isso porque, segundo o estudo, ele só podia ser girado até cerca de quatro meses no futuro, até que travasse ou suas engrenagens se desengatassem. Após isso, o usuário teria que reiniciá-lo para fazer funcionar novamente.
Com essa observação, os pesquisadores levantaram a possibilidade de a Máquina de Anticítera ter sido meramente um brinquedo sofisticado, que nunca foi pensado para ser completamente preciso.
Porém, devido à avançada habilidade artesanal empregada em sua construção, bem como sua complexidade, ainda pairam dúvidas se ele poderia ter sido meramente um brinquedo desajeitado — afinal, se ele nunca foi pensado para ser preciso, por que dedicar-se tanto em sua fabricação?
Por isso, os estudiosos também levantaram a possibilidade de que as medições atuais das engrenagens e dos dentes, feitas em outros estudos, estejam incorretas. Tomografias computadorizadas fornecem algum nível de resolução de seu mecanismo, mas os dois mil anos de corrosão podem tê-lo deformado muito mais do que se pensava.
Assim, o novo estudo levanta a hipótese de que seus criadores originais podem ter feito o mecanismo preciso o suficiente para evitar travamentos, e ir ainda além do que as simulações mostram, fornecendo previsões para os próximos anos.
De qualquer forma, o objeto milenar é um exemplar do quão avançada poderia ser a engenharia na antiguidade, embora a tecnologia moderna ainda não consiga desvendar o mistério sobre seu propósito original.