Um rítão de terracota em forma de cabeça de cão lacedemônio, descoberto no sul da Itália, ilustra a forte influência grega na região há 2.300 anos
Um rítão com a cabeça de um cão lacedemônio, raça extinta da Grécia Antiga também conhecida como cão espartano, foi descoberto no sul da Itália. O objeto, feito de terracota, é um exemplo claro da forte influência grega na região há 2.300 anos.
Rítão (do grego rhyton) era um tipo de vaso ritualístico usado na Antiguidade para beber líquidos ou realizar libações, geralmente em festas ou cerimônias religiosas. Esses recipientes, que muitas vezes imitavam cabeças de animais ou figuras mitológicas, não tinham base plana, o que obrigava o usuário a esvaziá-los rapidamente ou passá-los adiante.
Eles não se limitavam a representar cães: cabeças de cavalos, cervos, gatos, carneiros, javalis, leões e até de criaturas míticas, como grifos, também eram comuns nesses recipientes.
Segundo o site Live Science, a origem dos rítons remonta à Idade do Bronze, quando povos da Eurásia usavam chifres de animais para beber e realizar cerimônias. Os gregos adaptaram essa tradição e deram aos objetos formas refinadas, frequentemente decoradas com imagens de sátiros, símbolo da embriaguez e do prazer carnal.
Este exemplar específico, atualmente preservado no Getty Museum, em Los Angeles, mede cerca de 20 por 10 centímetros. A peça foi provavelmente produzida na oficina do chamado Pintor de Dario, nome moderno atribuído a um artista cuja técnica de pintura em vasos era amplamente reconhecida na Apúlia entre 340 e 320 a.C.
Conforme descreve o site do Getty Museum, o animal representado é um cão originário da Lacônia, região onde se localizava a antiga Esparta, conhecido por suas habilidades de caça. Por isso, cães lacedemônios eram frequentemente retratados em mosaicos, monumentos funerários e utensílios de uso diário.
O rítão é revestido com um esmalte preto, exceto nas orelhas e narinas do cão, enquanto os olhos receberam uma camada de esmalte diluído para criar contraste. No bojo do vaso, há a representação de um sátiro — criatura metade homem, metade bode da mitologia — segurando um prato e um bastão, cercado por padrões em forma de folhas e ovos.