O estudo conduziu uma meta-análise em múmias, que permitiram que descobrissem um cenário de doenças precário no Egito
Um estudo recentemente publicado na revista Advances in Parasitology evidenciou a prevalência de doenças no Antigo Egito, utilizando uma meta-análise de múmias para investigar o cenário de saúde da época.
Devido à localização geográfica do Egito, com o Mar Mediterrâneo ao norte, o Mar Vermelho ao leste e o Deserto do Saara ao oeste, o Rio Nilo desempenhou um papel crucial na disseminação de parasitas transmitidos pela água, geralmente não encontrados em regiões áridas.
À medida que o Egito expandia suas fronteiras por meio de guerras, conquistas e comércio com outras culturas da Idade do Bronze, a exposição da população a doenças infecciosas e parasitárias das regiões mediterrânicas aumentava significativamente.
Textos médicos antigos escritos em papiros fornecem descrições detalhadas de doenças e seus tratamentos, incluindo sintomas que sugerem a presença de esquistossomose urogenital, uma doença causada por vermes parasitas conhecidos como esquistossomos, segundo o Heritage Daily.
Técnicas modernas de análise clínica foram adaptadas para examinar as múmias, incluindo a reidratação das amostras secas em soluções específicas antes da visualização microscópica.
Os resultados da meta-análise revelaram que 65% das múmias apresentavam evidências de esquistossomose, 40% de piolhos, 22% de malária falciparum e 10% de leishmaniose visceral (doença infecciosa parasitária).
Os autores do estudo sugerem que o Rio Nilo desempenhou um papel crucial na propagação dessas doenças, facilitando a reprodução de mosquitos transmissores de malária e filariose. Além disso, a irrigação dos campos com águas do Nilo provavelmente expunha os agricultores ao risco de infecção por esquistossomose.
As evidências aqui reunidas mostram que a infecção parasitária no antigo Egito e na Núbia era bastante distinta daquela encontrada em muitas outras civilizações do mundo antigo. As espécies espalhadas por saneamento ineficaz eram raras, possivelmente devido ao papel das cheias anuais do Nilo na fertilização dos campos, para que a população não precisasse de usar as suas fezes para o fazer. Foram os parasitas zoonóticos que dominaram”, conclui o estudo.