Usando um método diferente para medir sua disseminação, os cientistas chegaram a conclusões relevantes para a pandemia com o qual estamos lidando atualmente
Uma equipe de pesquisadores canadenses cujo artigo foi publicado na última segunda-feira, 19, na revista científica PNAS, estudou a velocidade de disseminação da peste negra durante a Idade Média, usando como base os testamentos escritos entre os séculos 14 e 17.
“Naquela época, as pessoas normalmente escreviam testamentos porque estavam morrendo ou porque temiam morrer em breve, então levantamos a hipótese de que as datas dos testamentos seriam um bom substituto para a disseminação do medo e da própria morte”, explicou o professor David Earn e principal autor da pesquisa.
Dessa forma, os especialistas chegaram à conclusão que no século 14 o número de infectados dobrava a cada 43 dias, enquanto no século 17 os contaminados se duplicavam a cada 11 dias.
Uma das formas pela qual a bactéria da peste negra se manifestava era como peste pulmonar, que também era transmitida pelo ar, como acontece hoje com a covid-19. Entre as explicações trazidas na pesquisa para esse aumento da infecção ao longo dos séculos, estaria um maior predomínio dessa forma contagiosa pelo ar, que seria mais eficiente em sua disseminação que a das picadas dos ratos.
O crescimento populacional acelerado da cidade de Londres também foi apontado pelos cientistas como um agravante da epidemia medieval, pois a tornou mais suscetível às aglomerações.
Um último detalhe importante de destacar é que as conclusões dos cientistas, como avisado por eles mesmos em seu artigo, não devem ser levadas como certezas, devido à possibilidade de registros enganosos, e outras variáveis relacionadas à distância temporal que temos em relação a esse período.