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Notícias / Ciência

Novo estudo aponta o segredo por trás da resistência dos tardígrados

Em uma pesquisa recente, os cientistas apontam por que os tardígrados são tão indestrutíveis, e a resposta pode beneficiar os humanos

Redação Publicado em 09/02/2024, às 15h48 - Atualizado em 12/02/2024, às 00h11

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Ilustração de um tardígrado - Reprodução/American Museum of Natural History
Ilustração de um tardígrado - Reprodução/American Museum of Natural History

Em um novo estudo, cientistas acreditam ter descoberto o segredo dos tardígrados, também conhecidos como ursos d'água, famosos por sobreviverem aos ambientes mais inóspitos da Terra. Estes animais microscópicos são tão resistentes, que chegaram a viajar para a Estação Espacial Internacional durante a pesquisa.

Quando o ambiente em que estão inseridos se mostra hostil, essas criaturas entram em uma forma de animação suspensa, conhecida como “estado tun”, por décadas. Agora, pesquisadores afirmam ter decifrado o mecanismo que desencadeia esse modo de sobrevivência nos animais.

Com o estresse causado por temperaturas extremamente baixas ou outras condições ambientais desfavoráveis, os tardígrados geram radicais livres de oxigênio instáveis e um elétron desemparelhado, conhecido como espécie reativa de oxigênio, que, em excesso, podem danificar as proteínas e o DNA do organismo.

Conforme repercutido pela CNN, via revista PLOS One, esse mecanismo de sobrevivência é desencadeado quando as cisteínas, um dos aminoácidos que compõem as proteínas do corpo, entram em contato com os radicais livres de oxigênio e sofrem oxidação.

Esse processo serve como o sinal que instrui o tardígrado a entrar no modo de proteção conhecido como “tun”. Os radicais livres, de certa forma, atua como o martelo que quebra o vidro de um alarme de incêndio.

Segundo a principal autora do estudo, Amanda L. Smythers, pesquisadora de pós-doutorado no Dana-Farber Cancer Institute e na Escola de Medicina de Harvard, no futuro, a descoberta pode contribuir para o desenvolvimento de materiais capazes de responder a condições adversas, como o espaço profundo, ou terapias que possam desativar células cancerígenas. 

Sobrevivência humana

A pesquisa não se limitou a entender o comportamento dos animais em ambientes hostis, como explicou Smythers. As descobertas também auxiliam no desenvolvimento de materiais capazes de se adaptar a condições adversas, como a produção de equipamentos de segurança para bombeiros, que poderiam criar uma concha de proteção quando as condições se tornam extremas. 

Além disso, as descobertas podem contribuir para o aprimoramento de quimioterápicos mais eficazes na destruição de tumores malignos, ao desativar os mecanismos de proteção que tornam as células cancerígenas tão resistentes.

Seria excelente encontrar outras maneiras pelas quais esses mecanismos possam ser usados ​​para controlar o câncer”, afirmou o Dr. William R. Miller, professor na Baker University que estuda os tardígrados, mas não esteve envolvido nesta pesquisa.

Miller também admirou a habilidade de Smythers em considerar como a pesquisa sobre tardígrados poderia ser aplicada em estudos sobre o câncer e outras áreas. Ele destacou a importância de um “nível de mente e pensamento para encontrar a translocação de uma técnica ou combinação de coisas para uma muito distante. Nós precisamos mais disso.”.