"Ela diz que achou que fosse morrer como o George Floyd”, diz o advogado da vítima que está sendo acusada por quatro crimes; entenda!
Em maio do ano passado, uma comerciante negra de 51 anos foi agredida por um policial militar. As cenas fortes, que foram gravadas por testemunhas, mostram um dos PMs pisando no pescoço da mulher enquanto ela se debatia no chão.
Agora, mais de um ano depois, a comerciante foi denunciada por quatro crimes que teria cometido durante a abordagem: infração de medida sanitária preventiva, desacato, resistência e lesão corporal. A denúncia foi feita ao Ministério Público pela promotora Flávia Lias Sgobi na última terça-feira, 19.
"Diante dos elementos trazidos ao conhecimento do Ministério Público pela autoridade policial, a Promotoria ofereceu denúncia contra a senhora Elisabete. (...) Na fase processual, com direito à ampla defesa, os fatos apurados durante a investigação serão devidamente esclarecidos", diz a promotora em nota.
Ao UOL, Felipe Morandini, advogado da vítima, considerou que a denúncia é “estapafúrdia”. Além disso, ele alega que a promotoria fez um “copia e cola” do boletim de ocorrência, que indiciou a mulher e dois clientes por resistência, desobediência, desacato e lesão corporal.
"Ela (a comerciante) diz que achou que fosse morrer como o George Floyd, que aquela imagem passava pela cabeça dela durante aquela ação, e me parece que tudo isso foi desconsiderado pela promotora. Agora eu tenho que aguardar a decisão do juiz, se ele vai receber a denúncia. Eu espero que seja rejeitado, mas sendo aceito será feita a defesa", completou o advogado.
Em uma reportagem exibida pelo programa de televisão Fantástico, em julho do ano passado, foram mostradas cenas fortes de uma mulher negra de 51 anos sendo agredida por um policial militar. As imagens foram gravadas semanas antes, no dia 30 de maio.
Na ocasião, a comerciante dona de um pequeno bar na região de Parelheiros, em São Paulo, atendeu aos policiais que foram chamados no local depois de uma ocorrência. Moradores do local reclamavam do som alto de um veículo parado na frente do estabelecimento — na época, os bares estavam proibidos de funcionar.
De acordo com as imagens mostradas na reportagem, a mulher — que é viúva e tem cinco filhos — foi agredida por um policial depois de tentar defender um amigo que já havia sido dominado pelas autoridades.
No vídeo é possível observar a mulher imobilizada no chão enquanto o oficial pisava em seu pescoço. "Ele me bateu e quanto mais eu me debatia mais ele apertava a botina no meu pescoço", afirmou a mulher durante a reportagem. A vítima preferiu não se identificar.